Isto mete-me relativo nojo, na medida em que o gajo até fazia alguma falta e mais não sei quê



Nunca acreditei na tese dos ídolos. Principalmente no futebol. O Iorda foi um jogador banal, acima da média para a merda de campeonato que temos, e mais do que tudo alguém que reconhecia as suas limitações para parte criativa do jogo, o que fez com que se sujeitasse a um perpétuo laborar para as colmatar. E o futebol tem destas coisas. O suor vale quase sempre mais do que o brilho esporádico. O suor pesa sempre mais na memória dos adeptos do que uma qualquer glória fortuita. O que mostra afincadamente que o futebol não é arte. Ao contrário do que muitos dizem. Tem artistas, com certeza que tem. Mas a arte também se faz pelos olhos de quem a contempla. E quando um artista é assobiado porque impõe a ele próprio uma exigência estética, rejeitando a desfaçatez do pragmatismo, percebemos que o público do futebol entende muito mal o rigor pela elegância e a argúcia melancólica de um génio. Por isso, e colocando os aspectos de ordem clínica que afectam Iordanov de lado, não vejo porque carga de água há-de o Sporting ser obrigado a patrocinar este jogo. A sua abnegação, a sua entrega e o seu esforço foram já devidamente compensados no tempo em que jogava. Já por outro lado, creio que o cabrito que o Assis uma altura pregou ao Lázaro do E. Amadora em pleno meio-campo, ainda não se viu devidamente gratificado. Porque aquele lance, mais do que débil e finito amor a um clube, representa na sua plenitude o entender o amor pelo jogo.

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