A todos os Bracarenses

Todos sabemos que o “urbanismo” que Braga trilhou ao longo das últimas décadas foi o resultado da construção desordenada de diversos bairros sem qualquer ligação entre si e da envolvência dos mesmos. Bairros como os do Fujacal, do Carandá, Lamaçães são um aglomerado de prédios ligados por becos, sem espaços verdes e equipamentos.
Outro cancro são os bairros sociais que se isolam do resto da cidade, vivendo voltados para si, possuindo mesmo regras próprias. Daí surgirem muitas vezes problemas de integração social. Está mais que demonstrado que a construção destes bairros foi um erro. O habitante pobre do prédio azul deve frequentar o mesmo mercado que o habitante rico do prédio branco. Não podem existir guetos. O visitante da cidade deve poder percorrê-la de ponta a ponta.
Esta é uma das vergonhas de Braga!

4 Response to "A todos os Bracarenses"

  1. Caro Bruno,

    E que equipamentos faltam ao Fujacal (outro cancro!? como lhe chama) que tenha o resto da cidade? Vivi na Praça dos Arsenalistas e digo-lhe que ainda nem sequer tinha estes espaços ajardinados, nem escola, nem ATL, nem parque infantil, nem associações, e eu tinha imenso gosto e orgulho em lá viver! :) E mais do que isso, nunca fui uma excluída!

    E em relação aos bairros sociais, e eu que sou investigadora na área gostava de saber, quais são as "regras próprias" que têm? É por causa dessas "regras próprias" que existem problemas de exclusão? Ou será por concentrar um conjunto de pessoas de situação socioeconómica tendencialmente homogénea? Só por aí poderei concordar que a tese de que a construção dos bairros sociais foi um erro (justamente por essa "concentração"). E a pensar assim, julgo que elogiará a política de dispersão das famílias de parcos recursos, pela qual a CMB tem vindo a enveredar desde os anos 80 (aliás, de forma pioneira no país).

    (E acha que os residentes dos bairros sociais não frequentam o continente ou o pingo doce?)

    Cumprimentos,

    Anónimo says:

    Cara Marta

    No texto que escrevi referi dois tipos de espaços urbanos. Por um lado, falei do desordenamento urbano que Braga conheceu nas últimas décadas. Exemplo disso são os bairros citados. Respeito o seu orgulho pelo Fujacal, mas verdadeiros equipamentos de lazer, cultura e desporto, nem vê-los. Pequenos espaços jardinados são zonas verdes?
    Quanto aos bairros sociais, posso-lhe dizer que não sou investigador da área, mas em virtude os meus afazeres profissionais lidei e vou voltar a lidar com pessoas oriundas desses bairros. Uma das coisas que aprendi, tinha a ver com um sistema de comunicação para alertar a vinda dos agentes de autoridade. Se quiser conhecer essas regras, aconselho-a a assistir a uns julgamentos na Vara Mista de tráfico de droga.
    Eu não digo que essas regras motivam a exclusão social, mas sim o isolamento desses bairros do resto da cidade.
    Não concordo é com a política que foi seguida até 1983. A opção tomada foi a correcta, no entanto pode ser melhorada.
    A história do supermercado, como deve ter percebido, é uma alegoria.

    BMM

    :)

    Desculpe se interpretei mal, mas quando diz "outro cancro", achei que houvesse um antecedente...

    E "equipamentos de lazer, cultura e desporto", refere-se concretamente a quê? Não podemos ter TCs em todas as ruas. Note-se, no entanto, que no Fujacal existe escola (por sinal uma referência no ensino multicultural), 2 ATL's, Centros de Ocupação de Tempos Livres, Associações (Associação de Moradores, Assoc. de Atletismo de Braga, Assoc. de Pais, etc.), estabelecimentos comerciais, parque infantil, campo de futebol (2 de basquetebol), ruínas romanas, espaços ajardinados com muitas árvores, etc. E mais, há gente, vida e apropriação dos espaços públicos. Coisa que as pessoas reclamam constantemente para o centro histórico, que parece ser o centro da "cultura" e do "lazer"...
    Faço um diagnóstico diferente daquilo que é o Fujacal, tenho uma visão diferente daqueles que são os seus problemas, e até já apresentei soluções em sede própria...
    Enquanto as pessoas acharem que é um problema exclusivamente urbanístico tudo ficará igual. E isto é extensível ao Carandá, à Judiciária, à Quinta dos Apóstolos, às Parretas, à Praceta Padre Sena de Freitas, etc.

    No que respeita aos bairros sociais, as palavras código relacionadas com a venda de drogas ("água", etc.) não são "regras próprias". Existem comunidades étnicas com "leis" próprias, que é diferente, mas é cultural.
    Refere-se aos bairros onde existe tráfico de droga, e não são todos, nem lá perto. E a venda de droga não é um exclusivo dos bairros sociais.
    É uma rotulagem perigosa e injusta para quem lá vive. É essa imagem simplista, negativa e determinista do bairro social que provoca uma espécie de "evitamento" desses espaços por parte da população que não reside lá.

    Bem, e muito mais há a dizer... mas fica para outra altura. :)

    Cara Marta

    Cancro=problema
    Falei inicialmente de um problema, o desordenamento urbanístico. Depois falei de outro problema, ligado ao urbanismo, os bairros sociais.
    Ao ler o seu comentário, dá-me a ideia que o Fujacal é um local priveligiado da nossa cidade.
    Não considero alguns espaços ajardinados com algumas árvores como zonas verdes. Lojas e sedes de associações não são certamente equipamentos. Efectivamente a escola é uma mais valia para aquele bairro. Não é necessário um Theatro Circo para se proporcionar eventos culturais.

    Não digo que em todos os Bairros Sociais exista tráfico de droga, mas na sua grande maioria, isso acontece. O evitamento é inevitável em face dos assaltos que acontecem a quem passa por esses bairros. Sendo da JS, certamente deve conhecer o problema dos assaltos a estudantes em Santa Tecla, quando se deslocam ao refeitório.

    Estou sempre disponível para discutir os problemas de cidade.

    Cumprimentos,

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