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Amor/ódio fraterno

Toda a gente conhece a história bíblica de Abel e Caim, as histórias de doação de medula entre irmãos. Os irmãos são capazes das melhores e das piores coisas.
Há umas semanas, na revista Visão, veio um artigo sobre os irmãos Ambani. São pobrezinhos coitados, são dos mais ricos do mundo. A sua fortuna combinada representa quase 5% do PIB indiano. A sua riqueza é tão grande como o ódio que nutrem um pelo outro.

Mukesh Ambani, 52 anos, e Anil Ambani, de 50, já se defrontaram tantas vezes em tribunal que um Juiz, exasperado com os numerosos processos dos irmãos, sugeriu-lhes que pedissem à mãe, Kokilaben Ambani, para mediar os conflitos, no seio da família.

Este é apenas mais um episódio na longa saga de desavenças entre os Ambani. As sedes das suas empresas partilham o mesmo edifício, mas Anil e Mukesh usam elevadores separados para não se cruzarem.

O grupo Reliance, que herdaram, foi fundado em 1958 pelo pai, Dhirubhai Ambani. A primeira empresa dedicava-se ao comércio de fibras sintéticas, mas, ao longo dos anos, o negócio diversificou-se, abrangendo actividades como petroquímica, refinaria, exploração e distribuição de energia, telecomunicações, têxteis, serviços financeiros, biotecnologia, entre muitas outras. Assim nasceu um dos maiores conglomerados empresariais da Índia. Dhirubhai faleceu em 2002 e não deixou testamento. Em 2005 e sob a supervisão da mãe, Kokilaben Ambani, os dois irmãos fazem as partilhas. Mukesh ficou com o negócio da petroquímica, com a exploração e prospecção de petróleo e gás e com a indústria transformadora. Para Anil foram as telecomunicações, o sector financeiro e a produção de electricidade.

As disputas entre os irmãos são de tal forma acesas, que extravasam o plano empresarial. No aniversário da mulher, Mukesh ofereceu-lhe um avião Airbus A319, no valor de 40 milhões de euros. Anil não quis ficar atrás e, passados uns meses, comprou um luxuoso iate de 50 milhões, como prenda para a sua mulher.

Mas a mais recente batalha judicial não se limita a uma briga entre irmãos, nem poderá ser resolvida com um simples puxão de orelhas da matriarca, como sugeriu o magistrado. Envolve o Governo de Nova Deli e pode pôr em causa a política energética da Índia, um país que luta com um défice crescente de energia.

No coração desta disputa estão os poços de gás natural descobertos na bacia de Krishna Godavari, na costa Este da Índia, pelo grupo Reliance, um dos maiores do país, e construído por Dhirubhai Ambani, que faleceu em 2002. Três anos após a morte do pai, e com muitas zangas pelo meio, os dois irmãos dividiram o império empresarial.

Segundo o acordo entre ambos, Mukesh ficou obrigado a fornecer gás ao seu irmão a 2,34 dólares por unidade de energia, durante um período de 17 anos.

Mas esta decisão foi contestada pelo Governo indiano. Murli Deora, ministro do Petróleo, estabeleceu um preço de 4,2 dólares para todos os compradores do gás proveniente daquela bacia, Anil Ambani incluído. A pagar quase o dobro do preço que tinha acordado, Anil interpôs uma acção judicial contra o Estado e contra o seu próprio irmão que acusou de estar "em conluio" com o Governo de Nova Deli. No dia 15 de Junho deste ano, o Tribunal de Bombaim deu-lhe razão, e obrigou Mukesh a honrar o compromisso assinado.

"Se os Ambani separados conseguiram alcançar duas das maiores fortunas do mundo, imaginem o que não fariam se estivessem juntos."
Artigo muito bom na Visão

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