este texto é sobre o sporting. por isso, não há muito a dizer, na verdade
nunca há. e hoje, mais do em que todos, ou do que em muitos, é um dia obsoleto para mim. sabem aqueles dias em que uma qualquer agonia se instala no estômago e decide fazer um festim por todo o corpo? quando o sorriso ganha formas macabras e os gestos se arrastam em lenta gestão de esforço? nós próprios somos o nosso principal émulo. a minha mãe diz-me isto muitas vezes. ninguém gosta menos de ti do que tu próprio. encolho os ombros. e penso que ela saberá o que diz. quando fala. sim, porque a minha mãe diz muito sem falar. felizmente. porque ouvir é muitas vezes agredir uma ferida. remexer, fundo, dentro, no sítio que mais dói. e há coisas que doem por milhões de mortes. por exemplo, o meu avô. dói-me ainda onde tudo de bom começa em nós. dói-me exactamente nesse sítio onde pelos vistos começa o melhor de nós. o meu avô também me dizia coisas. que por exemplo não há pessoas com o ego do tamanho do mundo, mas pessoas que julgam o mundo muito pequeno. e tinha razão. claro. como quando me disse para não inventar passados, para cuidar antes de fazer um presente novo, a ver se há passado no futuro. e é impossível não se crescer privilegiado. tocado fundo no coração. e não falo do órgão com constantes espasmos involuntários. esse todos temos. falo do outro coração. do que nos faz tristes, por exemplo. esse nem todos o conseguimos ter. aquele que também nos reanima a memória. porque é preciso reviver. sem mágoas. sem deambular nas águas confortáveis do amuo. ou a pensar que somos ovelha sem rebanho. esta é para mim. sim, esta é para mim. escrevo-a para mim. bem o sei. se calhar. é um mimo que dou a mim próprio. afinal, faço anos este mês. e o mimo sabe bem a quem o faz, também. e, no caso vertente, o mimo que acabo de (me) fazer chega(-me) perfeitamente.
p.s.- eu também estou de férias. não é novidade, dirão os mais próximos. não é mesmo, confirmo eu!
:)