A Nossa Senhora de Lurdes (Rodrigues)...
By Sandra Cerqueira
on terça-feira, 8 de julho de 2008
01:36
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Soltem o rebanho de bodes expiatórios
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4 Comments
Numa altura em que o panorama do ensino/aprendizagem da Matemática em Portugal sofreu uma profunda alteração redentora, impõem-se momentos de celebração e regozijo… O tempo é de felicidade, a Matemática deixou de ser um bicho-de-sete-cabeças para os alunos portugueses, o imenso esforço de um ano escolar pautado pelo trabalho e pelo afinco surge recompensado. Pitágoras, lá dos céus, acena jubilosamente a Maria de Lurdes Rodrigues e à sua inesgotável sapiência.
Facilitismo? Embuste estatístico? Manipulação da realidade escolar? De forma alguma! O intelecto dos pupilos foi iluminado por um sol livre de qualquer peneira e a eficiência prodigiosa do Ministério da Educação é irrefutável. Aqueles que dizem o contrário até podem saber muito de Matemática, mas, claro está, nada de avaliação…
Tudo seria perfeito, não fosse o péssimo trabalho realizado pelos professores de Português… Esses patifes que roubaram a cereja do bolo! Esses devoradores de frutos vermelhos e, pior ainda, de sebentas!
Cesse a teoria do fingimento! Olhemo-nos ao espelho e assumamos, cada um de nós, a nossa quota-parte de responsabilidade. Deitemos os espelhos estilhaçados ao lixo, pois esses adulteram as imagens, reflectem mera despersonalização e deturpação da realidade. O país tem de livrar-se desta heteronímia doentia.
O momento não é de festa, de comemoração, mas de catarse. Em Educação, não existem anjos sem sexo, seres messiânicos e, muito menos, milagres. O mundo do ensino é um universo sem Deus… Cabe a todos os actores educativos, sem excepção, governá-lo, conduzi-lo, livrá-lo das trevas e procurar a luz inesgotável do verdadeiro conhecimento… Será possível alcançá-la? Isso é o que menos interessa:
Enquanto lhe preparavam a cicuta, Sócrates pôs-se a aprender uma ária na flauta. “Para que te servirá?”, perguntaram-lhe. “Para saber esta ária antes de morrer.”
Facilitismo? Embuste estatístico? Manipulação da realidade escolar? De forma alguma! O intelecto dos pupilos foi iluminado por um sol livre de qualquer peneira e a eficiência prodigiosa do Ministério da Educação é irrefutável. Aqueles que dizem o contrário até podem saber muito de Matemática, mas, claro está, nada de avaliação…
Tudo seria perfeito, não fosse o péssimo trabalho realizado pelos professores de Português… Esses patifes que roubaram a cereja do bolo! Esses devoradores de frutos vermelhos e, pior ainda, de sebentas!
Cesse a teoria do fingimento! Olhemo-nos ao espelho e assumamos, cada um de nós, a nossa quota-parte de responsabilidade. Deitemos os espelhos estilhaçados ao lixo, pois esses adulteram as imagens, reflectem mera despersonalização e deturpação da realidade. O país tem de livrar-se desta heteronímia doentia.
O momento não é de festa, de comemoração, mas de catarse. Em Educação, não existem anjos sem sexo, seres messiânicos e, muito menos, milagres. O mundo do ensino é um universo sem Deus… Cabe a todos os actores educativos, sem excepção, governá-lo, conduzi-lo, livrá-lo das trevas e procurar a luz inesgotável do verdadeiro conhecimento… Será possível alcançá-la? Isso é o que menos interessa:
Enquanto lhe preparavam a cicuta, Sócrates pôs-se a aprender uma ária na flauta. “Para que te servirá?”, perguntaram-lhe. “Para saber esta ária antes de morrer.”
Sabes, tenho muito de bombeiro, mas pouco no que toca a corporativismos de marcha oca.
A minha opinião é muito simples. Os programas são obsoletos, datados e desinteressantes. Mas são estes os que melhor respondem às necessidades dos professores... Não tenho dúvidas disso! Só assim se compreende que os alunos passem a sua vida escolar a ouvir a mesma ladainha, mal ruminada ainda por cima, desde do 5º até ao 12º anos. Repito: os alunos são ensinados por quem sabe pouco mais do que eles.
Eles, os alunos, têm obviamente culpa no cartório. Não fossem as Associações de Estudantes um bando de jabardolas cobardes que só se preocupam com as condições físicas dos pavilhões para as futeboladas e com as salas de alunos para poderem experimentar as delícias dos corpos alheios e talvez já alguém tivesse inquirido os senhores dos programas em relação à esmagadora maioria daquilo que é leccionado.
Por isso, venha daí o exame para os professores. Mas que não seja só para os contratados. Aliás, estou mesmo em crer que são estes (alguns, pelo menos) que podem de certo modo alterar o sedentarismo intelectual e o marasmo que assola as escolas de lés a lés. Venha o exame para todos. Favoreçam-se o espírito crítico e a criatividade em detrimento do ajuntamento de matérias devidamente cimentadas e acomodadas nos cérebros dos nossos petizes. Até porque, ainda hoje, pagamos caro as "atitudes democráticas" na atribuição de acreditações no pós-25 de Abril. É preciso não esquecer "o milagre da multiplicação de diplomas"...
Eu também não sou adepta dos “corporativismos de marcha oca”, apenas considero que, perante o estado de coisas, o mais correcto e frutífero não será apontar o dedo e dizer “a culpa é deles”, mas antes levantá-lo e assumir “a culpa também é minha”. Daí ter falado na necessidade de cada um dos intervenientes neste complexo sistema fazer um auto-exame, pois sem conhecer os seus próprios defeitos, ninguém é capaz de os corrigir de forma consciente.
A culpa é dos professores? Claro que sim! Mas é também das universidades que os formam dogmaticamente, dos orientadores que apenas o são por mera conveniência e não por competência, dos decisores curriculares que alimentam a preguiça mental e o mecanicismo do ensino, dos estudantes que querem ser estudantes sem estudar, dos pais que transformam a escola num armazém onde despejam os filhos durante o horário de trabalho, das organizações sindicais que não vêm nada para além do próprio umbigo,de um ministério especializado em tapar o sol com a peneira, etc., etc., etc.
Não foi com o objectivo de desresponsabilizar os professores que escrevi este texto, mas de chamar a atenção para a necessidade da co-responsabilização. Quando digo que é preciso soltar “o rebanho de bodes expiatórios” é porque considero que o mais importante é que cada um dos actores educativos assuma a ovelha negra que há em si.
Quanto aos exames, não acredito que, através dos mesmos, seja possível separar o trigo do joio, os bons dos medíocres.
Ó Sandra, longe de mim falar de alguém que não conheço. Aliás, e já o disse anteriormente, pareces-me uma pessoa muito culta e extraordinariamente apta. Agora, concordando contigo (sabes, sou um bocadinho dado a fundamentalismos... eu confesso!) é culpa é de todos. Contudo, não podemos ficar neste círculo sem saída, qual carro desgovernado. Comecemos por algum lado. E doa a quem doer acho que devemos começar pelos professores. Por nós.
Gostei deste nosso “pedacinho de quezília” :)
O importante não é concordar ou discordar, mas discutir e trocar ideias/opiniões.
Um dia destes, podíamos “debater” a questão das sebentas…