all my heroes od'd and killed themselves
foram a melhor merdinha que já alguma vez nasceu da reunião de meia-dúzia de seres humanos. mesmo qualquer coisa de absolutamente incógnita para a maioria é uma malha de fazer inveja às mais proeminentes "baladas rock" do putedo que hoje em dia passa na rádio. haverá várias razões que justifiquem um igual conjunto de questões. mas não deixa de ser curioso, por muito que os criacionistas não o admitam, que tudo isto começou por acaso. o senhor das barbas veio apenas enquanto eco inverso de um qualquer desespero. bastava um pintelho ao lado e não haveria nada disto. coca-cola e megan fox incluídas. a verdade é que desde do início que não há nenhum sentido nisto, falo de tudo, de tudo em geral e geralmente falando. obviamente que vamos crescendo e descobrindo pequenas justificações. mas nem tudo precisa de ser um tratado de lógica. há merdas que são e pronto. foda-se, são porque são. não visam exprimir de uma vez, ou sequer talvez, a verdade inteira que provavelmente até será de lá visível. o gosto da coisa está em escamotear as momentâneas verdades dessa grande e lenta verdade que é, imaginem só, a experiência total de cada um. uma expressão ainda assim muito mais filha do desejo do que propriamente do entendimento. e daí ao sonho vai um pulinho. e aos regressos também. todos os regressos são fictícios. ainda que sendo um dos mais permanentes gritos da natureza do homem. e por regresso, amigos leitores, não falo da cena do emigrante que regressa à santa terrinha depois de longa temporada en france. é antes quase uma exigência primordial. mas, etc., como pode uma cena tão indispensável ser fictícia? boa pergunta, cara voz da minha ingénua imaginação. ora, esses regressos são essenciais porque estamos impregnados de lábia cristã e respectivo arsenal decorativo. assim sendo, esse regresso, que é sempre fictício, é apenas sombra que repousa numa interminável e resignada necessidade. não falo da cena do nó na tripa. é mais denso. coisa mais póstuma de tristeza daqueles que vivem na herança dos evadidos da esperança. e, ás vezes, penso se não andaremos de braço dado com o desespero. parece-me que sim. ou talvez não. nem sei bem. mas não estaremos muito longe, creio. as minhas críticas tendem a falhar e não raro a enganarem-se na caracterização. serão meras e enfermas elocubrações acidentais e empíricas. li recentemente um livro chamado estrada de morrer. o galardoado comunista que o escreveu dá-me que pensar. nem tanto pelo livro ou pelo que lá explicitamente defende. o bom de ler este comunista está no quão inteligente ele é no pormenor sem se referir à intenção central. já há poucos comunas assim. e dou por mim a pensar que a cena de acreditar pertence a mundo onde o próprio sentido da questão é mais obscuro e inexistente que qualquer resposta. jorge de sena falava muito disto. cesariny também. e se um indivíduo não encontra pontos de resolução dentro das palavras de gente desta, dificilmente porá término à sua própria encruzilhada. e voltamos à coisa da lógica. não que eu sinta ter qualquer ponte sobre um hipotético regresso, mas cultivo um cada vez maior respeito pelo mistério. e esta coisa de não possuir chaves e de não conhecer inícios e fins dá aso uma baça inquietação, como lhe chamou torga. hoje em dia, os estudiosos das ciências humanas, que se passeiam pelas televisões sob efeito dr. phil, falam do quanto gostamos de nos enganar a nós próprios e sobre o quanto mentimos à vida. curioso seria percebermos que é a vida que nos mente. há muito tempo. e é natural. o nosso instinto mais soberano impele-nos para o lugar mais luminoso e puro, que é por norma o lugar onde coabitam com bastante constância os limites de uma ideologia social puerilmente voluntária. talvez por isso me fascinem aqueles cuja consciência é mais elástica e viva do que aquilo que as suas intenções deixam antever. talvez eles, sim, encontrem o paraíso. sem mediação, claro.
Nunca gostei muito. Mas têm o seu mérito (e não é pouco).