De como Abril nunca se fez...



Abril nunca se fez porque a liberdade não é ainda um bem absoluto, tanto porque aqueles que a controlam não o sabem fazer na justa medida do indispensável como aqueles que dela usufruem a confundem sistematicamente com libertinagem.
Abril nunca se fez porque as oligarquias neoburguesas do antigo regime foram substituídas por outras neoburgessas.
Abril nunca se fez porque se confundem elites com contas bancárias.
Abril nunca se fez porque o Estado continua a ser centralista, caciqueiro e injusto.
Abril nunca se fez pois a Justiça continua novela sem desfecho.
Abril nunca se fez porque o povo não é quem mais ordena, não pode coitado, sem educação, sem tempo para pensar senão no que é fútil e facilmente apreensível.
Abril nunca se fez porque quem é de direita "é fascista".
Abril nunca se fez porque a cultura continua inculta e sedenta do subsídio que a ajude a tornar-se subversiva.

Abril não se fará enquanto não deixar de ter donos, enquanto não cessar de dividir portugueses entre patrícios e retornados, entre progressistas e saudosistas e entre fascistas e comunistas.

Abril (tristemente) não se fará enquanto os nossos pais mais não forem do que cinzas.

Abril não se fará com cravos, antes com gentes.

2 Response to "De como Abril nunca se fez..."

  1. "Abril nunca se fez porque quem é de direita "é fascista".

    No parlamento em Portugal não há direita.

    O CDS, é de centro, bem talvez de centro-direita.

    O PSD, é de centro-esquerda ( social-democrata!).

    Onde está a direita?

    Em Abril, a direita tinha vergonha de o ser era clandestina ( Elp, Mdlp, Codeco). O PSD era socialista em liberdade, o PS, marxista, o CDS, social-cristão.

    Hoje há franjas do CDS a dizerem-se de direita, parece que finalmente. Nuno Melo, Paulo Portas e assessores, pouco mais.

    Ser "fascista" não é para todos, só para alguns.

    Não há direita porque há medo de dizê-lo, pior, há medo de pensá-lo e também nisso Abril falhou.

    Quanto à génese dos partidos de que fala ela é tudo menos certa nos dias de hoje. Se bem que a marca identitária originária fosse no PSD a social-democracia e no PP a democracia cristã de moldes sociais-democratas (embora mais conservadora), o certo é que hoje as visões dos militantes dentro desses partidos não correspondem inteiramente a esses paradigmas. Por alguma razão Marques Mendes tentou levar a cabo a revisão do programa do partido...

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