As propostas que nunca chumbaria


Na comemoração de trinta anos de poder local, nunca é de mais exaltar a liberdade democrática, tanto mais que se celebrou ontem outro marco da manumissão de Portugal. Deixada esta nota, não posso deixar de lamentar que trinta anos volvidos ainda haja resquícios do exercício do poder com autoridade desmedida e com um autismo desusado.
A democracia representativa deixou, não por acaso, espaço para as forças políticas menos votadas intervirem nos executivos camarários. Independentemente de maiorias, a lógica da representação democrática é a concertação de esforços, empenho e ideias na prossecução dos fins públicos. Ora, em Braga, o último resultado autárquico espelhou uma aproximação muito forte da oposição ao poder. Assim, em Braga e passados dois anos, ninguém sabe (ou será que já há quem imagine?) quem ganhará as eleições autárquicas.
Uma brilhante interpretação de Kevin Costner imortalizou o filme “As Palavras que nunca te direi”, que ao que parece tem a sua sequela em Braga. Actor principal: Mesquita Machado. Título: “As propostas que nunca chumbaria”. É certo que o edil bracarense nunca se habituou a uma oposição que, semana após semana, tivesse um papel tão interventivo em sede de executivo municipal. É certo, também, que o edil bracarense não se habitou a uma oposição que, semana após semana formalizasse, em sede de executivo municipal, propostas tão meritórias para os munícipes. É por isso, também tão possível quanto certo, que bem no seu âmago, o novo actor desta sequela pense: estas são “as propostas que eu nuca chumbaria…”
Voltando ao título deste filme tão nefastamente protagonizado pelo Eng. Mesquita Machado, ninguém, em juízo, pode sequer ousar duvidar do merecimento das propostas apresentadas pela Coligação Juntos Por Braga. O apoio à formação desportiva não deveria ser igual para todos e para todas as modalidades, sem descriminações negativas que ninguém percebe os critérios? Não é altura de dinamizar o centro histórico da cidade com iniciativas direccionadas paras os jovens, pouco dispendiosas e criativas? As famílias não deveriam ser olhadas pela edilidade com olhos de quem as protege? Ou ainda, no acesso à cultura não era necessário haver uma dimensão regional e preços bem mais em conta?
Por outro lado, o fomento da participação cívica dos jovens deveria ser uma realidade, bem como a vontade política em incentivar a cooperação entre freguesias e Câmara Municipal de forma transparente e claramente criteriosa. Estas foram algumas das propostas apresentadas pelos vereadores da Coligação e são alguns dos exemplos que não tenho dúvidas, e repetindo, o Eng. Mesquita Machado no seu papel de protagonista nas “Propostas que nunca chumbaria”, bem lá no seu íntimo não recusaria, se:
Se não entendesse a política de uma forma que já não existe.
Se estas não tivessem o selo da oposição e a sua aceitação não fosse vista por ele como uma derrota pessoal, mas sim por um benefício para a população.
Se houvesse cultura democrática que levasse pelo menos, outros figurantes, a alertar o actor principal para o mérito das propostas.
De facto, uma das maiores enfermidades da democracia são os seus agentes, mas a mim, nada me faz mais confusão, que os acólitos “seguidistas” que logo, qual carneiros, caminham sempre na direcção do seu confuso líder...
Braga está a mudar. Os tempos são outros. E numa década em que os jovens não se contentam em absorver informação, mas procuram ansiosamente produzir informação, não tenho qualquer dúvida em secundarizar o edil bracarense: ainda que me esteja reservado o papel de actor secundário, estas foram “ As propostas que nunca chumbaria”.

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