Sócrates e os espelhos de Narciso.


A entrevista foi má. As perguntas péssimas e mal (ou nada) preparadas.

Fui só eu que notei (se calhar já ando a ouvir coisas...) ou, no início da entevista, o nosso primeiro quis equiparar este caso com aquele boato de que ele foi alvo nas últimas eleições?

Já se sabe que Sócrates só vai a combate meticolosamente preparado. Mas seria necessário tanto tempo? A justificação dada para esta demora, bem ao estilo de outros acusados, oprimidos e alvos da opinião pública, como é o caso do Major Loureiro, foi o momento Monty Phynton da coisa.

A Sócrates só faltou personificar a canção do Bonga e começar a chorar. De resto esteve tudo lá. O ar surpreso, a ladaínha do acusado, a "invocação dos mortos", os sorrisos cerâmicos e toda aquela merda (apropriado para quem tem um curso de engenharia sanitária) a que nos vai habituando.

Atirou as responsabilidades para toda a gente - Universidade, professores, funcionários da Assembleia, jornalistas, bloggers - e deixou no ar que haverá uma cabala contra a sua pessoa, coisa que o bulldozer do PS, vulgo Jorge Coelho, já tem vindo a trazer a lume.

A este metrossexual da política, que se vê e revê em cada esquina que contorna, nada o parece afectar. Ainda assim, a imagem que tanto cultiva e que tanto parece apreciar, ficou agora mais baça. O homem do rigor e da exigência ficou turvo.

Não quero dar ares de Pulido Valente, mas, em Portugal, como se sabe, político que se envolva em querelas que estejam ligadas a ilegalidades ou trapaças sai em ombros nas eleições a que se candidatar. Posto isto, diria que este caso foi do melhor que podia ter acontecido a Sócrates.

E, enquanto, a OTA vai para segundo plano... Sabe muito este senhor...

1 Response to "Sócrates e os espelhos de Narciso."

  1. Anónimo says:

    " ...apropriado para quem tem um curso de engenharia sanitária... "

    Será que a tem?

    Nem ouvi falar disso na entrevista...

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