Sócrates foi jogar golfe com o Diabo...


Sempre ouvi dizer que impossível é caminhar sobre as águas. Impossível, ou pelo menos intrincado, é também descrever o silêncio. O resto torna-se relativamente mundano perante estes dois desafios.

Nunca entendi eficiência e sabedoria enquanto sinónimos. Sócrates desde sempre mostrou não passar de um eficiente. Metódico. Assertivo. Marrão, digo eu. Exemplo disso são as mudanças introduzidas no ensino. Inglês e informática para os meninos estarem prontos para enfrentar o competitivo mercado europeu quando já forem crescidinhos... Sócrates quer criar portuguesinhos à sua imagem. Rectos. Rigorosos.

A sabedoria, por outro lado, é uma questão de objectivo. Não é uma questão de grau como a eficiência. Caminha-se para a sabedoria. É-se eficiente. A diferença é essa.

Sócrates foi, desde que chegou ao poder, descrito como alguém muito eficiente, rigoroso, metódico, intelectualmente aprumado, sem ser brilhante. Lembro-me dos frente-a-frente com o Santana Lopes na RTP. Sócrates sempre monocordicamente aritmético. Distante da discussão. Santana Lopes, na sua ingénua ignorância, dava o peito às balas. Santana Lopes é o político que pior política faz. Talvez por isso seja o menos mentiroso. Mas isso são outras contas.

Sócrates traiu agora a sua imagem de eficiência e rigor. Indiscutivelmente, Sócrates usou e abusou de facilidades e facilitismos para tentar concluir a sua Licenciatura. A sua falta de eficiência foi tanta que nem isso conseguiu. Não sendo ele, pelos vistos, tão eficiente como querem fazer crer o que nos/lhe resta?

Importa dizer que, de facto, não é imprescindível ter um curso universitário para se ser político. Mas esse facto só vem vexar ainda mais a profissão. O raciocínio é pueril, mas vejamos. Para se ser um bom advogado, médico, engenheiro, arquitecto, professor, não são precisos anos de dedicação? Não é preciso concluir uma licenciatura? Não são precisos anos gastos em conferências, pós-graduações, mestrados e doutoramentos? Afinal, todos estes títulos têm ou não valor e relevância? Afinal, estes anos de estudo tornam-nos ou não melhores naquilo que fazemos?

Em Portugal, salvo raras excepções, os políticos são academicamente miseráveis. Não escrevem, não investigam, não dissertam. Nada. Mais, a penúria é tanta que bastam curtos minutos para ouvirmos gralhas ortofónicas em qualquer intervenção de um qualquer deputado. Os discursos são repetitivos e redondos, como as rotundas que tanto gostam de construir.

Terá sido baseado nesta premissa que Sócrates decidiu atalhar caminho. Cortou por onde lhe deu mais jeito. Mentiu. Optou pelo caminho mais rápido. Foi, até certo ponto, eficiente, mas deixou de parte a sabedoria.

Das duas uma, ou Sócrates menospreza a função de um político ao achar que qualquer um, independentemente da sua formação, pode ser político; ou, por outro lado, Sócrates é um carreirista que já sabia há muito tempo o que queria. Parece-me que terá sido pela segunda razão. Deste modo, o curso universitário é apenas um pro forma. Até porque, em Portugal, como disse Almeida Santos, o importante é passar pela política. Assim, o eficiente e metódico Sócrates calculou o seu futuro e viu que o curso não era prioritário, uma vez que estando ele já na Assembleia da República, não precisaria do mesmo para nada... E é verdade.

São inúmeros os casos de incompetentes que ocupam cargos na Administração de Empresas Públicas. São esses mesmos incompetentes que, desde muito jovens, manipularam e entupiram as Juventudes partidárias com a sua total inépcia parasitária. Estas chagas sociais assolam e dizimam qualquer tipo de evolução política e, consequentemente, minam a possibilidade de uma mudança social e económica.

Não havia mal nenhum que tivesse chegado a líder do Governo um qualquer Senhor José Sócrates. Contudo, o facto de termos um primeiro-ministro que se fez passar pelo que não é, diz tudo do carácter do mesmo.

Escatologicamente falando, conseguirá Sócrates renascer?


P.S.- Não posso deixar de assinalar que nunca antes nenhum governante tinha falado tanto em formação e em inovação. Bem prega Frei Tomás...


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