E calhou

há dias dizia eu a uma pessoa importante que os sonhos não são para se concretizar. por isso são sonhos. caso contrário seriam objectivos. e um sonho não é um objectivo. será talvez um incentivo. um objectivo é o que têm os vendedores porta a porta. os jeovás das telecomunicações e afins. os elders das internets. um sonho é um pequeno pedaço de ilusão na vida. não sendo uma mentira. um sonho não é uma mentira. a ilusão de que falo não é a realidade iludida. isso não tem a ver com o sonho. antes, quase sempre, com a preguiça. ou com a miopia. o sonho é o medo que precede a morte. deve haver medo antes da morte. se ela der tempo para isso. nunca dá, na verdade. e o sonho é por exemplo todas as coisas que são ditas sem serem ouvidas. ou melhor, sem que quem as disse saiba se o/a destinatário/a as ouviu. no sonho contam apenas as coisas que são ditas. não há regressos ao solo nos sonhos. vagueia-se a paisagem sob um sol embaciado. margina-se o olhar. por isso o sonho está sempre umbilicalmente ligado ao amor. e consequentemente à solidão.

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