Morte Assistida

Hoje morreu alguém de quem eu gostava.
Há quatro dias atrás, em plena festa de aniversário dos seus lindos 90 anos, sofreu um AVC .
Após a diversa bateria de testes, percebeu-se que era uma AVC hemorrágico, tendo-lhe sido apontada uma esperança de vida entre as horas e os meses, sendo certo que não mais recuperaria.
Faleceu quatro dias depois.
Apesar da dor da perda, há um sentimento de alívio por saber que alguém de quem gostamos não vai ficar durante meses preso a uma cama, totalmente entubado, a receber doses constantes de medicação para dores que nem se sabe se existem (porque o doente não fala nem exprime qualquer tipo de sentimento), apenas ali, à espera da morte.
Para quem viveu uma vida tão linda não poderia terminar assim o caminho. Saber que está morto e ainda não morreu é uma dor pior que a da própria morte.
Este caso, por pessoal que é, apenas reforça a ideia que sempre tive que a vida tem uma dignidade. E não se pode perder essa dignidade quando já não há vida e sim meros batimentos cardíacos.
Se me perguntassem se eu queria que lhe antecipassem o momento, para a poupar do sofrimento, da agonia, da impotência, do irremediavel, eu diria que sim.
Mil vezes sim...

1 Response to "Morte Assistida"

  1. Gi says:

    Um abraco!

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