Um poste que podia muito bem não existir

1- O Sporting de Paulo Bento continua a sua caminhada. O Rochemback lesionou-se ao apertar as chuteiras. O Grimi foi ao levantar-se do banco. O Romagnoli coçou bem a cabeça, principalmente aos 87 minutos. O Pedro Silva lesionou-se porque teve que correr. O Abel continua a jogar, pese embora o Sindicato dos Jogadores lhe tenha retirado a licença. E fez mais um penalti. O Rui Patrício continua a tentar passar 3 jogos sem dar um paio. Os órfãos de Nani, vulgo Veloso e Dajló, estiveram bem dentro daquilo que deus nosso senhor lhes permite.

2- Ouvi mais conferência de imprensa do Jesus. Não o judeu. O do SCBraga.

3- César Peixoto na selecção. Aqui está algo só possível nos tempos do "Rogério Matias na selecção", ou do "Luís Loureiro na selecção", ou ainda do "Vinha na selecção".

4- Comi uma francesinha da Dieci. Chegou a casa toda desfeita. Mas era razoável. Se bem que eu estava cheio de fome.

5- Fui agora mesmo confrontado com isto: «escrevo porque gosto de ver gente a ler. as escolhas pouco importam. é como dizia o miguel esteves cardoso (mec) (revista ler de novembro, pp. 35, vão lá verificar), "[...] toda a gente tem o direito de ler." e se são best sellers, perguntam vocês e muito bem? o mec responde assim "Os livros são uma merda? Sim, são uma merda para quem gosta de livros bons." (e agora dr. etc? o mestre falou e a coisa piorou para o teu lado)» Em primeiro lugar, devo esclarecer que é difícil as coisas piorarem ainda mais para o meu lado. Se for para baixo de mim, ainda admito, agora para o meu lado, não! Iremos por partes. Não que eu tenha muito tempo. Mas também não preciso de almoçar. Eu não gosto de ver gente a ler. Quer dizer, não gosto nem gosto. Caguei e andei. Aliás, tanto me dá como me deu o que cada um faz com o seu tempo. Não creio ter nenhum capital de autoridade sobre o que cada um faz. Não gosto nem gosto de ver pessoas no cinema. Ou nos bancos do jardim. Ou a passear na praia. Gostar, gosto de batatas fritas. E de gajas. E do Sporting. Mas admitindo ainda que num cenário distante e hipotético que sou um bruto insensível, cujos instantes não são de todo aconselháveis, devo dizer que mesmo assim as escolhas importam, obviamente. Importam? Claro que importam! Não importam nada! Importam! Não importam! Importam! Não importam! Importam! Não importam! Importam! Não importam! Importam! Não importam! Importam! Não importam! Importam! Não importam! And so on... Felizmente, não estamos em política. Importam! Eu é que fico com a última palavra, se faz favor. Agora surge o argumento. Em que medida é que importa? Numa medida grossa, densa e grande. Ó Etc., estás a falar de livros, pá! Ah, desculpem... Portanto, todos nós anuímos à ideia de que ler não será exactamente o mesmo que, por exemplo, coçar o joelho. Ou a cabeça. Concordamos todos, meninos? Sim? Óptimo! Cada um lerá por motivos diferentes. Com objectivos diferentes. Com métodos diferentes. Com motivações diferentes. A grande questão que se coloca está directamente relacionada com aquilo que se lê. Por exemplo, eu leio muito lixo. Record, A Bola, DN, algumas revistas ao fim-de-semana, legendas de filmes que não valem um chavelho, receitas, manuais de instruções, blogues, etc., etc., etc.. Reservo para a secção do lixo livreiro estas coisas. Funciono assim. Quanto ao resto, são apenas tentativas inversas de perder alguns instantes. Ou o Instante. A grande diferença está em que os livros de cordel são sósias do nada. Rien. Shit. Niente. Eu leio para me alienar, para me confundir com a realidade. Para obscurecer o meu relacionamento profundo com a realidade. Ah, ó Etc., mas há gente que o faz com os livros da Rebelo Pinto. Ok, tudo bem! Mas para isso é que existem instituições de sanidade mental, não é? Há quem leia livros pela cor da capa, pelo número de folhas, pelo autor, pelo título. É justo. Lêem livros. Não se perdem na queda da literatura. Essa é a diferença. Ser tocado pela leveza do sonho e pela potência do excesso que nos desfaz. Isto é literatura. Figurar (n)o infigurável. Já dizia Sá-Carneiro que bela é a manhã tão forte que nos anoitece. Literatura é isto. O intérmino da presença do homem em si mesmo, límpido, bruto com o mais puro diamante. Sim, porque nós seremos sempre uma esfinge que é a nossa própria sombra. Uma espécie de coração de todas as coisas, na mais distante esfera. E, por isso, é que ler dificilmente pode ser um exercício de prazer primário. De passatempo. Uma lerpa para letrados. Um momento de convívio animalesco. Ler será sempre uma fantástica realidade a criar-se em absurda proximidade ao esforço intelectual. Por muito que não o queiramos. Ler é uma contaminação violenta, um abalo elementar na nossa morte. Ler é o mais fiel espelho de uma duplicação quase impossível. Uma fascinação intemporal que nos arrasa, que nos transmuta para a eterna "imobilidade imóvel" que Aristóteles concebeu. E será sempre neste gritante silêncio que a literatura clamará. Nunca por outros canais. Porque a literatura só nos será realmente próxima quando a tivermos como realmente inacessível. Com a saudade de Pascoaes. Por último, convém referir que best-seller e livros de merda não são obviamente sinónimos. Creio nunca o ter dito. Não tenho de todo esse preconceito. Há exemplos vários: O que diz Molero, é desses um dos mais notáveis. Uma outra questão seria tentar perceber quantas pessoas leram até ao fim, por exemplo, os livros de Saramago e de Lobo Antunes que compraram por altura do Natal...? Cinco por cento? E desses cinco por cento, quantos é que tiveram a disposição anímica e a complacência de partilhar verdadeiramente consigo mesmos o enraizamento desses instantes? Pouquíssimos! Porque a literatura é na verdade exangue o suficiente para nos cercar na nossa própria inacessibilidade. Mas como já disse anteriormente, posso ser eu que estou a ficar lélé!

2 Response to "Um poste que podia muito bem não existir"

  1. Anónimo says:

    2- Ouvi mais conferência de imprensa do Jesus. Não o judeu. O do SCBraga.

    3- César Peixoto na selecção. Aqui está algo só possível nos tempos do "Rogério Matias na selecção", ou do "Luís Loureiro na selecção", ou ainda do "Vinha na selecção".

    Muito bom! lol!!!

    Anónimo says:

    é, eu sou assim

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