Não que isto vos interesse muito, mas...


O senhor em destque nesta imagem chama-se Dirk Nowitzki e foi eleito o MVP da temporada regular da NBA. Quem não sabe o que é um MVP da temporada regular da NBA pode muito atirar-se ao fosso do estádio do benfas e ficar por lá até que o Mantorras arranje uma nova correia de transmissão para a rótula. Já quem não sabe quem é o Dirk Nowitzki tem todo o direito a que eu lhe explique. Basicamente, o Dirk é um jogador alemão, com 2,10 metros, que joga na NBA, concretamente na equipa de Dallas, os Mavericks, e cuja concepção do jogo se baseia em lançar o maior número de vezes possível de três pontos. Quem não sabe o que são três pontos em basket pode ir fazer companhia aos outros que ficaram no fosso. Este jogador nunca ganhou qualquer título, daqueles a sério. Enfim, já ganhou alguns - campeão da regular season, que equivale a ser o "campeão" de Inverno no campeonato de futebol cá do burgo -, mas celebrá-los seria cair no rídiculo que aqueles benfiquistas cairam aquando da vitória de um espanhol qualquer, que por acaso vestia a camisola do clube que paga os tremoços ao Eusébio, na Volta a Portugal em bicicleta. Atenuante: foi no tempo do Vale e Azevedo. Bem, voltando a falar de desporto. Dirk enerva o mais apático dos fãs da NBA. Excepto os da sua equipa que o têm como um Deus. Adenda geográfica: convém relembrar que Dallas fica no Texas. Adenda política: ver margem de vitória de G.W. Bush naquele estado. Adenda qualquer coisa: G.W. Bush nasceu lá. Primeiro, não sabe defender. Se o opositor com a bola enceta uma jogada, Dirk e o seu lânguido corpo teimam em estar alhures. A sua postura e solidez defensivas são próximas à de um qualquer areal em Cascais sob o ataque de marés vivas. Para Dirk todo o jogo defensivo é pautado por marcações à zona. De preferência daquelas que obrigam os jogadores adversários a não penetrarem na àrea próxima do cesto. Quem não percebeu esta última observação é favor aplaudir o Dirk. Amigos na mesma. Segundo, e último que eu perceber mesmo, percebo mas é de gajos que jogam de caralho, daqueles que me fazem achar que a euforia do Barroca às 4 da manhã ainda está muito morna. Dirk não afunda. Até o Bird, que era mais branco do que uma metaleira sueca e tinha as costas mais dobradas do que as da Jenna nos seus tempos áureos, afundava. É verdade que depois passava o jogo deitado de "rabo para o ar" junto ao banco de suplentes, mas "ia lá a cima" e qqssch (onomatopeia do som da bola na rede, pelo menos no NBA de 1988 era assim). Pois, mas esse era o Bird. Dir-me-ia o leitor. Até tinha a ajuda do nome. É a chamada inspiração divina(l). Mas o nosso Dirk tem 2,10 metros e vê-lo afundar é quase tão raro como o dia em que o Daniel Oliveira não mande a sua farpazita anti-clerical. Dirk entra no rol daqueles cabrões que tiveram (algum. ok, muito. Gosto de ser invejoso) sucesso. Nomes? Fico-me só pelo desporto que já são horas. A começar no chulo do Alain Prost, passando pelo insalubre do Damon Hill (nem sei se é assim que se escreve, mas, tendo em conta quem é, não importa), pelo tótó do Michael Chang e pelo pedante do Jim Courier, até ao nabo do Kevin Schwantz. Todos eles chegaram onde qualquer um de nós poderia chegar. Ao sítio onde, com a graça de Deus e a impotência dos semi-deuses, a dignidade se lhes colocou. Como uma lapa.

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