Vamos acreditar na menina, ok?


Tenho, desde muito novo, o fascínio de tentar perceber o mundo como um livro. Assim, perante um qualquer facto, sinto a aspiração de ler para lá das evidências. Esta história é simples. Uma jovem, bonita, atlética viu as suas fotografias e alguns vídeos espalhados pela net. Contra a sua vontade. Diz Allison que apenas quer continuar a praticar desporto. "Me esfuerzo tanto con el salto de pértiga y es casi como si no importara. Nadie se da cuenta. Nadie me ve de verdad". Hodiernamente, a ideia de uma jovem atraente que não pretende ser famosa, apenas e só pela sua aparência física, surge-nos quase que como uma intrigante contradição, ao passo que associaramos a juventude (principalmente a feminina) ao rápido alpinismo social e mediático se torna quase num óbvio oxímoro. No fundo, e pondo de parte análises sociológicas que não me competem (como a constante presença de um machismo que teima em ver a mulher enquanto objecto de alucinações sexuais), esta história é um manifesto reflexo do desconcerto do mundo perante as singularidades deste caso: jovem, bela, competente e anónima. Uma contradição que levou esta jovem a rasgar o conjunto de laços que efectivamente prendem os elementos ao grupo. Allison não deu reciprocidade às relações que o grupo lhe quis impor. Felizmente, Allison, numa atitude fracturante da consciência colectiva que nos assola, reitera a impossibilidade da existência de uma uniformidade absoluta ou total. Que está atitude se torne num eco do estado moral apresentado pela sociedade. Mas sem "moralismo", daqueles a que RELIGIOSAMENTE vamos assitindo.

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