"A era do vazio"
By Anónimo
on sexta-feira, 14 de setembro de 2007
14:36
, in
é só um desabafo
,
Não sei bem
,
7 Comments
O título do comentário foi roubado a um livro Gilles Lipovetsky. Vem na sequência desta notícia. Nunca entendi, e cada vez menos me esforço por o fazer, a necessidade de percorrer a vida em ziguezague, num quase mítico deambular ao sabor das convenções, modas e necessidades, deixando de parte o sentido de autoconsciência que deveria servir para nos elucidar com clareza neste penetrante itinerário, quase sempre fusco, e dificilmente superável, que é o percurso da Pessoa na Vida.
Parece-me que o mais importante será chegarmos ao fim - perdoem-me os crentes, mas o fim chega - e reconhecer nos múltiplices caminhos da nossa vida uma respiração unânime. Na vida, a cronologia é má conselheira. Inculca «evoluções» ou «involuções» lá onde precisamos de todo o sangue-frio para reconhecer a densidade e o peso que não são fruto obrigado do tempo - embora o possam acompanhar. E é essa a questão: por comodidade, vergar de espinha ou falta de carácter, seguiremos também o caminho mais fácil, aquele caminho cuja presença é indiferente para o nosso destino e à compreensão que nele está eclodida.
Não entendo a necessidade de justificarmos as nossas notas dissonantes perante o restante mundo de iguais. Mais impessoal do que esta estigmatização de um mundo cumprida através de metáforas bem pessoais - é óbvio que falo deste caso porque o sinto no meu dia-a-dia - mas gémeas de outras minhas contemporâneas é a realidade que nos ocupa os olhos, uma mistura de violência clássica e de delírio redentor que nos pede sempre moderação, comedimento e sobriedade.
A indumentária jamais será eco do brilhante segredo interior, onde libertamos todas as esperas desesperadas, jamais será o que irradia do núcleo interior do desejo, por exemplo. A indumentária é apenas glosa metafórica da, por vezes, penosa situação moral, intelectual e representa, quase sempre, o ressoar e o resumo das plurais misérias da nossa época. Apenas exijo que não nos deixemos ofuscar por alguns símbolos e reacções autómatas que parecem ainda suster uma pesada herança que a nossas viscerais imobilidade e inércia ajudam a alimentar.
Parece-me que o mais importante será chegarmos ao fim - perdoem-me os crentes, mas o fim chega - e reconhecer nos múltiplices caminhos da nossa vida uma respiração unânime. Na vida, a cronologia é má conselheira. Inculca «evoluções» ou «involuções» lá onde precisamos de todo o sangue-frio para reconhecer a densidade e o peso que não são fruto obrigado do tempo - embora o possam acompanhar. E é essa a questão: por comodidade, vergar de espinha ou falta de carácter, seguiremos também o caminho mais fácil, aquele caminho cuja presença é indiferente para o nosso destino e à compreensão que nele está eclodida.
Não entendo a necessidade de justificarmos as nossas notas dissonantes perante o restante mundo de iguais. Mais impessoal do que esta estigmatização de um mundo cumprida através de metáforas bem pessoais - é óbvio que falo deste caso porque o sinto no meu dia-a-dia - mas gémeas de outras minhas contemporâneas é a realidade que nos ocupa os olhos, uma mistura de violência clássica e de delírio redentor que nos pede sempre moderação, comedimento e sobriedade.
A indumentária jamais será eco do brilhante segredo interior, onde libertamos todas as esperas desesperadas, jamais será o que irradia do núcleo interior do desejo, por exemplo. A indumentária é apenas glosa metafórica da, por vezes, penosa situação moral, intelectual e representa, quase sempre, o ressoar e o resumo das plurais misérias da nossa época. Apenas exijo que não nos deixemos ofuscar por alguns símbolos e reacções autómatas que parecem ainda suster uma pesada herança que a nossas viscerais imobilidade e inércia ajudam a alimentar.
No fundo, enquanto não despirmos a retórica da indumentária, continuaremos muito longe da pura afirmação.
e esta é a altura em que eu me vergo às tuas palavras. muito bem!
abraço
Obrigado e abraço para ti também. Quem quer que sejas! :-)
lá por andar mal-vestido não quer dizer que os outros n se possam vestir conforme as situações. era só o que faltava!
citei. parabéns.
http://oblogdos5pes.blogspot.com/2007/09/fragmento.html
TU É QUE TENS DESCULPAS PRA TE VESTIRES "À DREAD MC HIPHOPPER".
Vê lá se vestes uma camisinha pra ir ao concerto.
PS: Não estou a falar de Vénus.
concordo em pleno consigo! parabéns para os seus intrigantes textos que por vezes não são incompreendidos.
abraço
erro em cima... que por vezes são incompreendidos
abraço