Não só creio como, principalmente, me apetece

Nunca escrevi nada de jeito. Muito menos aqui. Eu sei. Eu sei disso com a certeza dos que, de si, só sabem que não servem para grandes feitos. Mas, em tempos idos, escrevi aqui com alguma assiduidade. Tenho essa responsabilidade: entupi isto de palavras. Palavras palermas, idiotas, parvas. Como eu. Palavras minhas. Agora já não consigo tanto. Agora, já não consigo entupir nada. Nem sequer mal, como era meu timbre. Já não entupo. Lembro-me do Bruno na sua complacência envergonhada me dizer - dizer, dizer, disse uma vez, mas sei que o terá pensado várias vezes - «Desta vez, exageraste!». Mas, ainda assim, nunca fui tão longe, nunca fui tão afectado por talidomida hodierna, nunca fui, com grande pena minha, capaz de invocar o extraordinário argumento que defende que os não-fumadores não se importariam de gastar «um pouco mais de tempo e gasolina» para assim conseguirem «visitar um café sem fumo, ainda que mais distante» com o intuito de - reparem na excelência do raciocínio - desfrutarem dos seus «quinze minutos de relaxe diário». Nestas alturas, gosto de sorrir da falta de mioleira específica que estes génios por aqui esbanjam. Mas dou, quase sempre, o benefício da emoção individual, não vá existir uma qualquer lei secreta que os obrigue a escrever coisas destas. Nunca se sabe, nunca se sabe...

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