Violencia nas e das escolas

Parte I

Lembram-se das histórias que os nossos pais nos contavam, terríveis descrições que nos faziam amar o mais pequeno "tabefe" que sofríamos, aquelas sobre os professores velhos e maus, e as sucessivas reguadas e as orelhas de burro, entre outros igualmente belos e oníricos contos de adormecer? Pois bem, eu lembro-me, e parece que cada vez mais pessoas desejam o regresso a esses tempos. Passo a explicar: tem sido, pelo menos para mim, absolutamente agoniante ver, dia após dia, notícia após notícia, o escalar de violência nas escolas do nosso querido país. Como é possível que o "jovenzinho" médio do Portugal moderno, que sabe usar a internet, que dispõe de recursos infinitamente superiores aos dos seus pais quando crianças (seja qual for a sua condição social), ainda assim, sofra duma doença que será, porventura, das mais asquerosas que graçam na humanidade- a "austrolopitequisação"(desconheço ainda o termo técnico em latim), encefelopatia da pior espécie. Mas, o que ainda me irrita mais do que isso, é a tendente "mise en scéne", operada pelos psicólogos e psiquiatras e outros teóricos da descupabilização do comportamento humano, no sentido de apararem as acções selváticas dos supracitados "jovenzinhos", ensacando-as nos problemas sociais, na "expressividade anormalmente desenvolvida", ou na pérola da "hiperactividade". Vamos lá a ver, eu compreendo que depois de tanta "porrada" sofrida na meninice, os actuais "psis e pais da treta" nao queiram para os outros (vulgo seus filhos) um mal idêntico àquele que sofreram, agora o que me deixa perplexo é como pode um pai desculpar , ou pior, patrocinar intervenções que roçam o criminoso por parte dos seus "rebentos". Nao nos enganemos, em certas escolas passam-se autênticas cenas de filme à americana, os professores são ameaçados com armas. Será neste clima que desejamos que o nosso futuro seja "educado"?! Perante isto, só posso dar razão a vozes como a de Vasco Graça Moura (http://dn.sapo.pt/2006/06/28/opiniao/a_indisciplina_escolar.html), que mais não faz do que dar voz à indignação de muitos.

Parte II

Partamos desta minha opinião para a possível solução: quanto a mim mais não há que uma realidade- a humana (polémico, admito discussão); esta realidade divide-se em dois mundos- racional e animal; estes, por seu turno, não existem em igual proporção no homem (dito) civilizado, existindo uma parte maior, a da razão, e uma parte menor, a da bestialidade; são, para mim, estas partes complementares e nunca seremos só uma, ou só outra (indiscutível); o objectivo da nossa existência é o de fazer prevalecer, ao longo da nossa vida, a parte da razão sobre a da bestialidade (nunca renunciando a esta última) e desta prevalência tirar frutos; a bestialidade serve para desenvolvermos capacidades físicas, também elas importantes, na procura do ideal "mente sã em corpo são"; a bestialidade, se não domada, torna-se perigosa (sim, discordo de Nietzsche) e consome a racionalidade; os "putos", porque selvagens (logo bestas) quando a este mundo chegam, precisam de uma "coisa" a que resolvemos chamar de "PAIS" que servem para corrigir a bestialidade e potenciar a racionalidade bem como a socialização desde o nascimento até uma idade avançadita; o estado social agraciou os "Pais" com uma ajuda providencial (e, na maior parte dos casos, gratuita) a que demos o singelo nome de "ESCOLA"; nessa escola coabitam as "bestas" (vulgo crianças) com gente racional, os professores (e já agora os funcionários, não menos abusados, se bem que por vezes menos abonados na parte racional). Estes, estão munidos de uma racionalidade superior e de uma especial vocação (assim o desejamos) para domar e capacitar aqueles outros com conhecimentos que a televisão ainda não fornece (nem nunca fornecerá), tudo de uma forma, que se espera, o mais paciente possível; Temos então "bestas" e "Homens", julgo, por maioria de razão, que todos nós, se nos perguntassem, preferiríamos os "Homens" às "bestas" e se por qualquer motivo tivessemos de escolher a quem dar o poder ou a direcção de algo, dá-lo-íamos, sem vacilar, aos "Homens" (embora a história política portuguesa nem sempre confirme esta regra); ora, o que se passa nas escolas portuguesas é que, a cada dia que passa, esta racional regra de prioridade se está invertendo e , com isso, se está fazendo com que a bestialidade vença a razão.
Dou por mim a pensar que, actualmente, haverá na corrente dos "psis" tanta gente a temer a bestialidade que se esquecem que ela existe, e mais, ela é um complemento importante do nosso ser, desde que domada e nas mãos de quem possua racionalidade suficiente para a saber usar.
Ora, aplicando isto a este raciocínio, temos que: o professor, ser mais racional que o aluno, deve possuir suficiente discricionaridade (que palavra tão linda) para poder usar a sua bestialidade (racionalmente contida) e dar uma chapada a um aluno mal educado que destabilize o resto da turma e crie focos de rebelião. Esta chapada, não é, nem deve ser (e agora falo para os pais) maioritariamente, um acto de educação paternal (dever ao qual o professor não está adstrito, senão por cortesia e princípios humanistas), mas antes um acto de repressão ( sim é preciso conter os "petizes" de vez em quando), de auto-defesa e de afirmação de uma real autoridade que, não só existe como se deseja, tendo em vista o "status quo" social (que vem de sociedade e não de classe social). Nisto reside a minha solução.
Não que eu pense que, por via de regra, se deva bater nas criancinhas (algumas de 16, 17 e 18 aninhos), mas lá que de vez em quando não faz mal nenhum ai lá isso não ("as que eu levei só pecaram por defeito", dirá quem de mim discorda).

Antes que o Estado Novo volte, pois é com estes comportamentos que se criam condições embrionárias que potenciam o desejo exasperado da vinda de messias da ordem, esses sim perigosos, usemos os neurónios para rebeldias produtivas e deixemos os professores trabalhar.
Batam às crianças, para que amanhã não tenham que levar porrada dos vossos filhos.

1 Response to "Violencia nas e das escolas"

  1. Boas vindas ao distinto bracarense João Marques. Apareça mais vezes.

Powered by Blogger