fontes de inspiração

as cidades e as terras
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I I
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lisboa - menina e cachopa
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dou por mim sem saber falar de lisboa. como se fosse uma mulher por quem me apaixonei há muito, em rasgo de coração à primeira vista. e assim se tornou um amor clandestino, pelo menos a julgar pela música que vai tocando nos meus ouvidos.
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a primeira vez que entrei na cidade, há uns 13 anos atrás se não me atraiçoa a memória, senti que entrava num espaço construído nos sonhos, por entre as noites de espera pelo passeio. correr em direcção à capital, não saber o que contar, não dormir uma noite, rir todo o caminho pesando-me a excitação pela novidade e não corar de vergonha nos primeiros toques ao seu rosto.
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lisboa é sem dúvida uma mulher lindíssima. talvez com os seus trinta e não muitos mais anos de vida. lisboa encanta pela sobriedade e naturalidade de movimentos, certa de que a olham com desejo de possuir o que parece difícil de alcançar. da sua roupa ainda hoje me recordo de belém e dos pastéis, da ponte sobre o tejo, do castelo de s. jorge, da rua augusta, do elevador da glória, do chiado, de fernando pessoa na esplanada, das docas, do bairro alto, da praça do comércio e dos cacilheiros. e como se acumula a minha dívida a esses sentimentais colossos, esses circulares vaivéns planadores do rio, unindo as margens cegando-nos com a visão do cristo rei.
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tenho saudades da baixa. de estar sem pressa numa lisboa para mim regrada e imponente. de andar sem mapa e sem destino, porque ali tudo nos encaminha aos recantos brilhantes de uma história refeita todos os anos. a cada ano que passa sem lá voltar, acumula-se-me no coração um filme a preto e branco que vou construindo mentalmente, para me aquecer o esquecimento e o desmembrar das imagens que guardo com afecto.
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não é por isto que trocava a minha cidade.
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viver em lisboa seria para mim matar um amor. algo que de tão platónico e incandescente vive da distância. e se falasse de uma mulher seria isto que eu diria a quem um dia me apanhou nas teias da suas calçadas acetinadas. lisboa menina e mulher, num caminho que farei todas as vezes como se regressasse ao útero da cidade primórdio, um ulisses enfeitiçado, clamando por um amor clandestino nas margens do tejo.
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releia (I)

4 Response to "fontes de inspiração"

  1. Teté says:

    Amo Lisboa, cidade onde nasci, cresci e sempre vivi.

    Mas é preciso reconhecer que, nos últimos anos, a Câmara tem feito pouco ou nada, que a cidade parece um enorme estaleiro com obras por todo o lado e, pior ainda, com controversas negociatas camarárias com construtores civis ou empresários pouco sérios, que prejudicam em muito a fisionomia da cidade.

    Gostei do teu texto, está claro! Embora esteja mais poético, do que real...

    S. G. says:

    olá teté,

    digo no texto que se vivesse em lisboa talvez não tivesse esta visão. mas ainda bem que assim é. em regra não reconhecemos as grandes virtudes da cidade em que viemos. elas são mais aprecidadas por turistas.

    obriado pelo teu comentário.

    PontoGi says:

    Adoro Lisboa, mas tambem nao trocava a minha cidade!
    Lindo texto!

    S. G. says:

    parece que na blogosfera poucos me compreendem :-) bj

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