cansado do silêncio que precede o início de qualquer canto (de cantar, não "canto" de pontapé de canto ou "canto" de rosa do canto)



gostava de ter uma citação de alguém para começar este texto. alguém em bom. para quem os enredos engelhados da existência humana são um linear acervo de registos e ocorrências perfeitamente esgotadas. e é nessa urdidura que desenvolvem uma acurada consciência da nossa fragilidade. e falam-nos muito de morte. um kafka, um sá-carneiro, um joyce. sei lá. um deles. tantos. há uma merda que me vai definindo. aos poucos. creio. a tirania da nostalgia. reparem. todos morremos do modo mais mortal possível, o que por si só deveria ditar de algum modo a inevitável realidade que se anuncia. de diversas formas, ok. concedo isso. mas esta nostalgia entranha-se. no desvanecimento do corpo, por exemplo. nos olhos entrevistos de uma mulher. e como seduzem esses olhos. a mim, pelo menos. e tudo é nostalgia, morte posta diante de nós. fictícia, por vezes. simbólica. como o ocaso do sol cujos raios cortam o céu e se dissipam na praia. é impossível não ter consciência desta realidade. mesmo que durante esse fenómeno passeiem pelo areal indivíduas em bikinis reduzidos. ou trikinis. também gosto. voltando ao assunto. que tudo acaba por brilhar sobre um altivo mar de esquecimento. não que me apeteça fazer a apologia do inclemente niilismo da coisa. de todo. se bem que a área post mortem do discurso cristão também não me alicia. não creio nada, rigorosamente, na solidariedade divina. nem nos inesgotáveis rostos de deus. por assim dizer. daí a nostalgia. talvez, digo eu. porque cada dia é simultaneamente miséria e grandeza. instante que passa quase indiferente do tempo. e somos preocupantemente moribundos. somos? eu sou. claramente. revestindo-me da inelutável rendição de agozinar nesta coisa do fim sem retorno, destemperado torpor melancólico que me sossega os ímpetos. para alguma coisa deve servir. mas já alguém me disse um dia. podemos fazer o que quisermos, desde que não cheiremos mal nem peçamos subsídios. é bem verdade. isso e fazer pedagogia sobre o uso dos genéricos. fica para outro dia... tá bem, abelha... devem andar a brincar, não? andam desatentos, ponham-se a pau que eu não brinco! apesar de me faltar ainda a madureza necessária.

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