Power to the people


Mandela faz hoje anos. Faz 90 anos. Só por isso já merecia a referência. Se bem que, segundo o que se lê nas revistas da especialidade (e eu leio muitas revistas especialistas em diversas matérias que versam sobretudo a relação das coisas com o seu meio e a interacção delas mesmas com outras cenas ainda mais espectaculares), isto de fazer 90 anos daqui a uns anos será banal. Aliás, daqui a uns anos com 90 vamos estar todos ainda a trabalhar, o que é uma chatice do caralho. Vamos viver até aos 120 anos, dizem. Não me parece bem. Creio mesmo que me parece muito mal. O que é que um gajo faz até aos 120 anos? De que serve viver até aos 120 anos? Será que com 120 anos vamos conseguir jogar uma futebolada com os amigos? Não! Vamos conseguir passar umas noites (ou dias e tardes) com umas amigas? Não! Vamos conseguir beber de tacada meia-dúzia de finos sem nos vomitarmos todos? Não! Vamos conseguir malhar convenientemente nos adeptos dos clubes adversários? Não! Vamos conseguir obrar sem recorrer a ajuda médica assistida? Não! Mais! Eu sei que poucas pessoas pensam nisto (mas para isso é que eu cá estou) para levar as questões que urgem; então, será que o planeta Terra (que como toda a gente sabe flutua no espaço) vai conseguir aguentar o peso de ter milhões de milhões de milhões de pessoas? Será que todo este peso não vai fazer o planeta Terra perder a estabilidade e começar a afundar-se no espaço (que como sabemos é infinito) e entrar em queda livre, como naqueles sonhos em que um gajo está no topo de um prédio e começa a cair a cair a cair a cair a cair a cair a cair e acorda mesmo quando está prestes a fazer parte integrante do passeio (pelo menos, até que venham os senhores dos serviços camarários apanhar os nossos destroços)? Creio que esta reflexão se impõe. Aliás, creio mesmo que isto de vivermos até aos 120 anos é tudo um esquema dos senhores do Viagra e das fraldas! Que são, obviamente, os grandes beneficiados com esta merda. Eles e as enfermeiras. Daquelas que vão dar banho aos velhos. Viver até aos 120 anos para quê? Para que sejamos aplaudidos pelas pequenas grandes vitórias do dia-a-dia? "Muito bem, Sr. Antunes! Hoje, conseguiu mijar tudo para o pote! Grande vitória! Vou contar à sua filha, quando ela cá vier daqui a 3 meses! Agora, vamos ver se consegue apertar o cinto sozinho e se durante a refeição não manda o arroz para cima da saia da D. Odete, está bem?" É para isto? Viver até aos 120 anos para quê? Para voltarmos à infância? Aprender a cagar, mijar, comer e banhar sozinhos? Aprender novamente as cores, os passos, as letras e regras de comportamento social? "Sr Antunes, que animal faz mémémé? Diga lá? Não, Sr. Antunes, isso faz auauauau! Pense lá, Sr. Antunes! Não, não! Esse faz cócórócócó, não é? Não se lembra, Sr. Antunes?" Não, não se lembra caríssima e putíssima terapeuta ocupacional! 120 anos! Acabar a vida junto de queridas amigas tontinhas, inteligentinhas e íntegrazinhas como mais ninguém. Parabéns, Mandela! Segundo ícone pop mais relevante depois do Ché-Ché Guevara. E maior amigo do maior amigo dos pobres e indefesos que é aquele gajo que gosta de apertar os colhões numas calças de cabedal pretas e justas, mais justas do que a própria justeza, que dá pelo nome de vocalista dos U2.

P.S.- Será que com 120 anos ainda vou poder dar sangue?

1 Response to "Power to the people"

  1. Anónimo says:

    o regresso da doença... loooooll!!!

Powered by Blogger