Em plena greve dos camionistas
Estava eu a ver o telejornal, quando, como não poderia deixar de ser, entrevistaram um dos grevistas. Atrás do entrevistado formou-se um aglomerado de camionistas (estilo emplastro). Uns segundos depois, os emplastros começaram a atender o telemóvel. Estou mesmo a imaginar o telefonema:
- Estou! Manel, estás na televisão!
- Estás a ver-me? Estou bonito?
- Estás. Fala com o teu filho!
- Tou, pai, és famoso!
(...)Ninguém resiste a uma boa câmara!
E ainda há quem ande a pedir a demissão do Governo.
Não passa pela cabeça de ninguém contestar o que não existe ou pedir a demissão de quem já se demitiu.
Neste 10 de Junho, Portugal vestiu-se de república de bananas, com autoridades da faz de conta, patrões camionistas mascarados de proletários motoristas, energúmenos transformados em vedetas de televisão.
E o Governo? E o Primeiro Ministro?
Onde param?
Simplesmente... não estão. Ainda aparecem na televisão. Ainda dizem coisas. Ainda parecem convencidos de que têm algum poder.
Não têm. Não mandam nada. Porque fugiram... mesmo estando cá.
Hoje, o Poder estava nas mãos daqueles camionistas travestidos de grevistas. Que fazem greves sem aviso prévio, cortam estradas sem dar cavaco a ninguém, e ainda se gabam, sorridentes e felizes, de não deixar passar nenhum camião!!!
Se são eles que mandam... são eles o Governo.
Pobres de nós.