fontes de inspiração

poesia - um canto do fontanário
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se deus contasse
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como se de uma loja maçónica se tratasse
os escudeiros de deus sentaram-se numa mesa
redonda, longa, estreita, pesada. forte . dura .
sem papéis na mesa discorre-se sobre assuntos
penosos, idosos, rudes, redondos. esquecidos.
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como se a negociação fosse penosa, deus, a um
canto, não fala. em verdade a espaços tosse, e
as armas com que deus luta na terra,
(os condestáveis)
suspendem-se temerosos do veredicto.
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não sei que dia sugerimos ao inferno para descer,
se na manhã serena, se na noite robusta,
que venha com data marcada e nós o receberemos,
num confronto letal, directo, obscuro. mortal .
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tudo por esta luta.
se deus soubesse fazer contas já nos teria somado
desde a criação da beleza, o dia em que a minha voz
tocou os olhos serenos da tua imaculada beleza.
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já não sei se vale uma luta assim, tirania
com que me rasgo, estropio, dilacero. destruo .
nem sei se deus contará com a divisão que fiz
dos meus medos, que espalhados na mesa não sabes
subtrair.
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uma mesa oval para dois, um amor redondo afinal.
sem negociação adiantada. e o inferno com dia marcado.
se ao menos deus soubesse multiplicar o desejo.
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releia ( I - II - III)

1 Response to "fontes de inspiração"

  1. Teté says:

    Ah, se todos quisessem ser iguais a Shakespeare ou Camões, a poesia tinha falecido, morrido, fenecido, encalhado ou esticado o pernil há vários séculos!

    Ainda bem que assim não foi ou é!

    Gostei!

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