A velha máxima do ensina-o a pescar em vez de lhe dares o peixe e como Sócrates a subverteu

Ao contrário do que o título possa indicar este é um post curto, ou não estivesse (quem diria) a trabalhar (coffee break).

O que a notícia que aqui vos trago parece querer demonstrar é que o governo (Sócrates em particular) quer dar formação a todos os portugueses, quer dar competências básicas, médias e superiores aos portugueses, quer dar educação aos portugueses.

O pecado fundamental deste ponto de vista reside no verbo (não, não o da bíblia). "Dar".

Não que haja algum mal em "dar" alguma coisa a alguém, muito menos se esse alguém for o povo português. O mal está antes em toda uma filosofia que vê no saber, como em tudo o resto, um produto. E esse produto deve (tem de) ser vendido custe o que custar, nem que seja dado.

Como acontece com os produtos que acumulam lençóis de pó nos mercados que frequentamos, em que a necessidade de escoamento leva os revendedores a promoções caricatas, também aqui, o governo decidiu que era melhor vender abaixo do preço do que emprateleirar.

A táctica até pode ser compreensível, mas, como acontece com os tais produtos que compramos nas lojas, o risco de comprar gato por lebre é mais do que muito.

O erro filosófico que Sócrates comete (já pareço o Damásio a falar do Descartes) é que, obnubilado pela cegueira dos resultados estatísticos, julga que o saber é via de um só sentido. Esquece dramaticamente que este se faz "entrambi", é uma relação, quantas vezes de amor-ódio entre quem (julga que) sabe e quem quer saber.

Por tudo isto, Sócrates nada dará aos portugueses que eles não queiram verdadeiramente ter. Só dentro de alguns anos se perceberá esta falácia da "oferta de conhecimentos e competências". Meus caros, o saber não se dá, o saber faz-se, recebe-se e conquista-se.

P.S.: Afinal não foi tão curto assim, "back to work Kane".

1 Response to "A velha máxima do ensina-o a pescar em vez de lhe dares o peixe e como Sócrates a subverteu"

  1. Muito bem João. Estou de acordo contigo. Estamos a formar industrializadamente ,ou seja, esta forma de qualificação que o governo está a dar é mesmo “dar” porque o que estão a fazer não é formar, mas sim enganar as estatísticas da U. E. Também gostava de salientar que me parece pouco justo para quem andou 12 anos a estudar ver que um qualquer colega seu que apenas estudou seis ou sete anos ,em três meses adquira as mesmas qualificações

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