A densidade filosófica de Michael Vaillant ou aprender como a auto-censura pode ser um gesto de humildade!

Acredito em poucas coisas. Acreditar de crer, mas sem a cena de Jesus. Acreditar de um pulsar discreto que não sucumbe na voragem de um tempo acelerado de multiplicação de aparências. Acreditar de ouvir alguém e dizer - ou pensar que eu passo muito tempo sozinho: "este gajo está a falar bem e, ou muito me engano, ou era capaz de recusar um envelope do Névoa". Assim, subitamente, coisas que não me roubem a dignidade, lembro-me de apenas três: os livros do Kafka, os afundanços do Jordan e a morte como fim. Bom, já que nada me prende, posso condescender e arriscar mais um pouco. Acredito em festas animadas por Tunas, na contemplação como processo interior do acto criativo e em calças compradas na Tunels. Mais do que isto e pedem-me que minta. Por muito que me atirem auto-constatações de uma pretensa motivação benigna de quem se lança de frente ao mundo a procurar senti-lo. Sim, porque não faltam por aí ex-novos profetas, os sempre impolutos nas intenções, hoje perdidos no meio do nevoeiro, que faz deles apenas difusa silhueta. A subtil tensão entre a luz e a sombra ganha assim novos contornos.

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