A trivela, o Djaló, o Capitão América, os casinos de Aleksei Ivánovitch e como Braga seria bem melhor comigo na Presidência da Câmara

Se um dia chegar a ser um gajo todo quitado, daqueles belfos que param no café e dizem para quem quer ouvir que "Braga precisa de mim como independente", serei também obrigado a correr para uma casota e a lamber os colhões do meu dono. Tudo tem o seu preço. Pelo menos é o que me dizem os meus amigos que frequentam casas de negócios nocturnos. A esses, não aos meus amigos, mas aos gajos que falam em cafés à moda do antigamente, gostava de lhes dizer: (assim mesmo, com doispontosparágrafotravessão, como os meninos da primária)

- "Que cabeça! Que torrencial pluviosidade idearia! Que finura arguta ali se nota! Volta, D. Sebastião. Não estás perdoado, mas arranjei-te um parceiro para a bisca do 7."

Felizmente, ainda não conseguimos dominar a nossa vida. Nem a dos outros. Há quem se julge capaz disso. É fodido, mas não dá. Acho que lhe chamam ethos social. Por muito que queiramos somos com todos os outros. Dizem-me que é da alteridade. "Foda-se", dirão uns quantos, "eu nem preciso de ninguém, olhem só que bem que eu me saio sozinho". São uns tipos eloquentes que teimam em roçar a mais angustiada e deslavada retórica "pseudo-literária". E, no fundo, o que é isso? Nada mais do que uma merda fina e amuada. Uma merda amuada é uma das piores merdas que há. Uma merda amuada e birrenta. Chateia, cheira mal e faz pó. E isso, quer gostemos muito ou pouco, faz mal. O pó, principalmente. E não estou a falar do pó do Maradona. Esse diz que também faz mal. Mas ao menos pode sempre passar. Falo antes do pó das ideias. Daqueles nem o Vaporettotitanium 3000 aspira. O pó de que falo é inato. Como uma verruga. Ou como um dedo torto. Um olho vesgo. O pó vive com eles. Será sempre deles. Mas lá está, eu sou sou daqueles que morrem. Outros ficarão por cá. Para sempre. Com o seu pó. Num busto, numa rua, num peido, em qualquer coisa. Qualquer coisa é pretexto. Qualquer coisa serve para que falem deles. Para mim não é assim. Abomino as linhas, mapas, esquemas, planos e orientações. Que vos posso dizer? Gosto do acaso. E há, definitivamente, o acaso. O acidente que sai duma maneira, consoante podia ter saído doutra. O descontrole, a absoluta falta de previsão, têm desfechos que dependem, sobretudo, do calhar.

Nunca saberei nada de economia, de política, de coisas complicadas que nos gastam o tempo útil. Guio-me sempre pelas pessoas, pelo que gosto ou não gosto delas, pelo que lhes surpreendo de bom e de mau, a cada momento. É por isso que tenho os amigos (poucos) que tenho e os inimigos (poucos, também, espero eu, mas se forem muitos que se foda, eles que venham que eu posso bem com porrada e esgrima) que tenho. E alguns dos amigos estão aqui, no fontesdoidolo. Ao meu lado, ou a ler o que escrevo. Já cá estavam e continuam a estar. Creio firmemente nessa manutenção de algumas coisas boas que nos consertam a mágoa de ver que há quem não mereça o ar que respira. Como ganhar dinheiro a correr todos os sofás do mundo. Isso, sim, seria vida!

O que é que isto tem a ver com o título? Nada. Rien. Nothing. Niente. Bergessio. Kjilz. (é checo*). Mas vocês já se vão habituando a isso, certo?

* Não é nada "nada" em checo. Foi só para fazer uma figura triste... Pena não estar num café!

1 Response to "A trivela, o Djaló, o Capitão América, os casinos de Aleksei Ivánovitch e como Braga seria bem melhor comigo na Presidência da Câmara"

  1. Anónimo says:

    "Ao Bale aproxima-me o facto de se mover num mundo que eu aceito. Que nunca te deixes guiar por mapas, amigo Bale."

    Escreveste isto no teu blog há uns meses atrás, a propósito dos "Blogs com tomates". Leio o teu texto e encontro nele coisas que eu gostava de escrever.

    "Abomino as linhas, mapas, esquemas, planos e orientações. Que vos posso dizer?"

    Só te posso dizer o que me disseste a mim nessa altura. Que nunca te deixes guiar por mapas, amigo Monhé.



    P.S. Quando sais da baliza pareces o Djaló.

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