No dia mundial da poesia

Há cidades acesas na distância,
Magnéticas e fundas como luas,
Descampados em flor e negras ruas
Cheias de exaltação e ressonância.

Há cidades acesas cujo lume
Destrói a insegurança dos meus passos,
E o anjo do real abre os seus braços
Em nardos que me matam de perfume.

E eu tenho de partir para saber
Quem sou, para saber qual é o meu nome
Do profundo existir que me consome
Neste país de névoa e de não ser.

Sophia de Mello Breyner Andresen
(«Poesia», Caminho, Lisboa, 2005)

0 Response to "No dia mundial da poesia"

Powered by Blogger