Manual de ajuda aos preguiçosos

Há várias maneiras para conquistar mulheres. Eu, lastimável criatura feita à imagem do Criador num dia em que o mesmo se encontrava em profundo estado de ebriedade ou, então, ainda não tinha lavado convenientemente as remelas, falar-vos-ei apenas daquela que vos pode servir caso queirais encetar um relacionamento causal (ou não) com uma elementa instruída e conhecedora dos meandros da Literatura em geral e da Portuguesa em particular. E, agora, vocês perguntam: "Mas quem é o gajo que fala dessas merdas quando quer levar um tipa para a cama?" e eu respondo: "Eu!". Na verdade, não saberia falar de outra coisa. A não ser de futebol. Mas convenhamos que é mais provável ganhar o euromilhões sem termos jogado do que conhecermos uma miúda que perceba o suficiente de futebol para manter uma conversa agradável e duradoira antes do coito. Como vêem sou o exemplo acabado (literalmente) de alguém que não consegue levar a vida à risca dos seus aforismos preferidos. O meu é aquele que diz "quem muito fode, faz muito bem".

Bom, vocês têm também que ter em conta a miúda. Por exemplo, há aquelas que basta aparecer. Basta um gajo entrar numa qualquer matiné para estar feito ao bife. Normalmente, a senhora é cabeleira ou esteticista, conduz um Opel Corsa de dois lugares de 1998 e pinta muito as unhas e os lábios. Gaba-se de fazer excessivas madeixas, usa calças de ganga justas e sapato de salto alto. Para elas jóias são os metais que compram na Parfois e jantar romântico é comer um Double Cheese em vez do Big Mac. Imagem de marca: mascar tchiclã como se não houvesse amanhã, conhecer de trás para a frente (e vice-versa) todas as músicas que dão na Stradivarius e saber dizer caralho e foda-se. São as chamadas fura-tomates (com hífen, sim, que é para dar nível à expressão). Uma espécie de mictório improvisado para os espermatozóides, percebem? Com estas, não vale a pena esforçarem-se. Aconselho apenas que se mantenham em estado de alerta uma vez que, não raro, elas são possuidoras de macho cobridor (indivíduo com cabelinho à Quaresma, cinto Jack Daniel's e Nike Air Max-3 nos pés) que pode não gostar de ver a sua dama a roçar-se com outro indivíduo ao som de uma qualquer malha do Tiesto. Que é o que bate lá. Onde? Nesses sítios com matinés e gajos de fato às 15h de um Domingo. Como é que sabes, Etc? Pá, tenho amigos que conhecem povo que tem família que é assim! ah... Estás a falar do Chouriça? Não, esse é mais no Toys R'us... Ah! E, então, não ias dizer-nos o que fazer em relação às miúdas instruídas e mais não sei o quê? Ia, tens razão, ó voz vinda do meu interior.

Portanto, a questão para mim é simples. Há miúdas, deus as guarde bem guardadas e longe de algumas pessoas que eu conheço, que, portanto, não foram, vá, sem querer ser rude, feitas para pensar e para, como direi, falar e comunicar com o mundo exterior. Pá, foram feitas para, portanto, poderem usufruir gratuitamente apenas e só dos prazeres do corpo (safei-me bem, não?). Para essas o amor existe. Está no corpo de um qualquer marmanjo que se digna a rebentar-lhe pela primeira vez o conjunto dos órgãos genitais internos formado pelo ovário, as trompas de Falópio, o útero e a vagina, e se souber vão também os órgãos genitais externos formados pelos lábios maior e menor, o monte púbico, o vestíbulo da vagina, o clitóris, o bulbo do vestíbulo e as glândulas vestibulares maiores. Não se riam que eu recentemente trabalhei com uma que era assim mesmo. "Ele foi o primeiro e não há razão para não ser o único". Ouvi eu. "É o amor", dizia ela enquanto o namorado andava a malhar em tudo o que mexia. É a vida, do amor...

E, finalmente, depois de tão extraordinário entroito segue o segredo. Não, não é o livro que a preta que foi violada em menina e que agora manda nos EUA tanto fala. Bom, como sabem, fica sempre bem falar dos romancistas russos. Os romancistas russos são, para o pessoal que lê, uma espécie de Benfica de 60, Brasil de Garrincha, a equipa do Torino que se despenhou, o bébés do United, o Barça de Cruijjf (lê-se "Craif") ou Milão de Savicevic para a tribo do futebol. Por isso, comecemos os nossos resumos por eles. Ok?

Leão Tolstoi: Guerra e Paz (quase 2000 páginas, dependendo da edição) O Pierre não quer ir para a guerra e o Napoleão chateado com essa merda invade Moscovo e mata moscovitas. A gaja do Pierre acaba por se casar com outro. O Tolstoi para encher aquela merda de páginas mete umas reflexões pessoais na trama. Fim.

Fiódor Dostoiévski: O idiota (bué páginas também) Dostoiévski farto de escrever plagia o Dom Quixote do Cervantes. Um gajo altamente herda potes de dinheiro e conhece uma prima afastada a quem queria acertar o passo (sexualmente falando). Moral da história: quem é bom, justo, sensato e mais o caralho é idiota. Fim.

Agora, outros indivíduos.

James Joyce: Ulysses (não muito grande) Relato de um dia na vida de um judeu. Descrição de sexo, do corpo humano com pormenores dignos da melhor pornografia. Há um gajo que bate uma segóvia na praia. A mulher do judeu tem um amante. Gosta de foder com ele. Fim.

Kafka: Metamorfose (pequeno, lê-se em 42 minutos) O Gregor acorda transformado num gigante insecto. Tem os pêlos e as patas todas no sítio. Só a irmã é que lhe liga patavina. O gajo não sabe muito bem o que lhe aconteceu e o Kafka começa com as cenas dele sobre a condição humana. Fim.

Kafka: Carta ao Pai (pequeno, se te deres bem com o teu pai lê-se 21 minutos) O pai do Kafka era um caralho com a mania que era mandão. O Kafka magrinho e tubercoloso não podia dar-lhe um arreio e por isso escreveu-lhe uma carta a dizer que ele era uma valente merda como pai. Fim.

Flaubert: Madame Bovary (400 páginas) Uma gaja sem nada para fazer (vulgo, doméstica) mete os cornos no marido com todos: o padeiro, leiteiro, talhante, vizinhos. Fosse escrito nos nossos dias, até o gajo fininho que arranja as linhas da Clix cá em Braga ia. Depois, farta de foder, toma veneno e, admirem-se, morre. Fim.

Bukowski: Mulheres (poucas páginas, lê-se bem) Um gajo que passa a vida a beber e a foder decide contar isso num livro. Só mama gajas feias, magras e histéricas. Não sei se já disse que ele fode muitas gajas. Fim.

Eça: Os Maias (mais páginas do que o caralho) Passa-se numa casa toda fodida e que cheirava pior do que corrimento de menina de rua. Um beto que é médico abre um consultório mas não faz a ponta dum chavelho. Come a irmã e depois de saber que era a irmã come-a outra vez só para ver há diferença. O velho morre quando sabe. O Ega chibou-os. Fim.

Dinis Machado: O que diz Molero (Mais ou menos, lê-se bem) O Molero tem que saber por anda um rapaz normal e sem nome. Manda uns relatórios aos chefes e mais não sei o quê. Algumas reflexões sobre a condição humana e sobre as gajas que ele comeu. Fim.

Camões: Os Lusíadas (tchiiii pátrão, big pá caralho, né?) Um coninhas dum poeta que não dormia foi melgar um rei e a troco de uns pacatos para vinho contou-lhe uma história sobre uns marinheiros que se meteram a caminho do outro lado do mundo. Pela rota tiveram bué problemas mas houve uma deusa que fisgada nos tugas lhes deu guarida divina. No fim, acaba tudo numa grande orgia com as ninfas de uma ilha cheia de comida e vinho. Fim.

E, pronto, amigos meu. Espero que vos tenha sido útil.

Cordialmente,

Dr. Etc.

3 Response to "Manual de ajuda aos preguiçosos"

  1. Anónimo says:

    aaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!

    gosto principalmente dos lusíadas

    "Um coninhas dum poeta que não dormia foi melgar um rei e a troco de uns pacatos para vinho contou-lhe uma história sobre uns marinheiros que se meteram a caminho do outro lado do mundo." eheheheheheheheheheh

    Anónimo says:

    tu é que és "o deco da tua cena"

    PontoGi says:

    gostei muito do "São as chamadas fura-tomates "

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