Uma moldura sui generis...
By Sandra Cerqueira
on domingo, 7 de setembro de 2008
18:32
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Uma questão de perspectiva... Há coisas fantásticas não há?
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3 Comments
Santuário do Sameiro – Braga
À semelhança da dicotomia amor/ódio, sempre foi bastante ténue a linha que separa o sagrado do profano, o espiritual do material...
Há quem diga que o amor move montanhas, no entanto há quem demonstre que o dinheiro move cordilheiras inteiras, ou não possuísse este uma característica divina: a omnipresença. Na verdade, o dinheiro é como Deus: está em toda a parte, desde o lugarzinho mais comum, ao local mais estranho (e peço desculpa pela comparação herética). Por exemplo, nunca percebi a razão que leva as pessoas a atirarem moedas para o fundo dos laguinhos dos santuários, onde oxidarão fatal e piedosamente, entre limos e peixinhos escarlates. Ao célebre adágio popular “dar pérolas aos porcos”, sobrepõe-se um sacro “dar moedas aos peixes”… Mas a devoção tem razões que a razão desconhece, não é verdade?
O mundo está repleto de coisas desconcertantes e, já o dizia Camões, “continuamente vemos novidades”, mas ver uma caixa Multibanco com este tipo de enquadramento é quase como ver uma vaca a voar, ou um porco a andar de bicicleta!
Agora digam-me, será esta uma combinação intolerável ou o conchavo perfeito? Blasfémia ou acompanhamento dos tempos modernos? Apelo descarado à esmola choruda ou simples facilitar da vida do devoto desprovido do “vil metal”?






Tenho pena que não escrevas mais
Dr., bastaria ter apenas uma parte do seu ritmo de escrita, mas a verdade é que não tenho:(
Já agora, qual a sua interpretação acerca da "moldura sui generis"?
Pois, pois. Isso é um eufemismo para "deves pensar que têm todos a tua vida, não parolo?"
Várias. Por um lado, quero pensar que aquilo é o admitir (metafórico?) daquele que é um dos esteios dos representantes de deus na terra: a ganância. Por outro, pode também ser um indirecta aos fieis que insistem em depositar moedas de 1, 2 e 5 cêntimos nas caixas de esmolas. Do género: "Fiel, o tempo das moedas já era. E na casa do senhor quer-se silêncio. Abandone o tilintar das moedas e deixe-se seduzir pelos encantos das notas." Não sei, digo eu!