Campanha de Apelo ao Voto

Como Levar as pessoas a VOTAR???

Nas sondagens em geral, a abstenção parece ser sempre a grande vencedora. Estamos perante um facto incontornável, as pessoas estão a virar as costas ao seu direito/dever cívico de eleger os seus representantes.
Como em todos os casos, só podemos negar o uso de um direito que temos. Se não temos esse direito não nos podemos dar ao luxo de o não usufruir.
Não sei o que se pode fazer para levar as pessoas a votar. Para lhes pedir para atrasarem a ida à praia no Domingo uma horita para que possam votar primeiro. Para que deixem a esplanada durante 15 minutos para fazerem uma cruz num papel (ou um desenho, tanto faz, desde que o façam).
Confesso que já fui assim. Apenas me fui recensear aos 22 anos. 4 anos de desculpas. E teriam sido mais se um dia não tivesse uma certa conversa com o meu pai.
Ele perguntou-me se eu não tinha vergonha de não estar recenseado.
Eu disse-lhe que ainda não tinha tido tempo.
Ele riu-se.
Eu perguntei-lhe o porquê de ele fazer mais de 30 quilómetros por estradas cheias de curvas e buracos só para ir votar. Se, já agora não tinha vergonha disso (já nesta altura tinha a mania que era esperto)
Ele contou-me. Quando tinha entre os 6 e os 11 anos (porque depois foi trabalhar para fora) o dia das eleições era um acontecimento na aldeia. Centenas de pessoas juntavam-se em frente à junta de freguesia desde bem cedo. Dizia-me ele que era uma verdadeira enchente.
Eu perguntei então se votavam assim tantas pessoas por aquilo ser uma forma de encontrar os amigos.
Ele disse-me que não. Não era a enchente que votava. Naquela altura (Década de 60)) as pessoas juntavam-se todas para ver os outros irem votar. Eram as pessoas mais importantes. Os homens vinham de chapéu alto, eram só seis ou sete, no máximo 10. Só estes é que votavam. Chegavam nos seus carros, só falavam entre si, entravam, votavam e iam embora. E o povo olhava para eles. Á noite sabiam pela rádio os resultados das "eleições".
E o meu pai disse-me: "Ganhava sempre o mesmo. E nós ali, parvos, sujos, cheios de fome, a ver aqueles fulanos irem votar. Nem para nós olhavam". Eram as "pessoas importantes da aldeia".
Quando todas as pessoas puderam votar, algumas não o faziam por medo, nem acreditavam.
Disse-me o meu pai (e disse-lhe o mesmo o seu pai, meu avô) que, desde a primeira vez em que o deixaram por a cruz num boletim de voto, nunca mais deixou de o fazer se pudesse.
Nesse mesmo mês fui-me recensear e, desde a primeira vez que fiz uma cruz num boletim, nunca mais deixei de o fazer.
Cada um usa (ou opta por não usar) os direitos que tem.
Mas se lhos tirassem...

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