a mão direita é a minha pátria
lembrei-me que poderia criar uma secção cá no blogue com este título. coisa para louvar algumas carnes menos comuns. ao mesmo tempo seria uma expressão de justa indignação. é que cada vez percebo menos as coisas. cada vez as consigo suportar menos. às coisas e às pessoas. os electrodomésticos a funcionarem continuadamente. as pessoas embrenhadas na velocidade daquilo em que se tornou o seu doloroso dia-a-dia. e sinto-me vertiginosamente aflito neste tempo. talvez por isso haja o silêncio. o silêncio que faz entre nós. porque o meu tempo custa a passar. gostaria de saber, mesmo que por breves momentos, como será ter alguma coisa que signifique tudo para nós, algo que nos faça parecer que nada mais existe de assinalável. e nunca me apetece voltar. deambulo quase sempre. a gastar tempo sem direcção precisa a esvaziar muito lentamente as ideias de morte, por exemplo. à procura de não sei o quê. de não sei o quê. é raro saber exactamente quem são as pessoas com quem falo, sempre preferi as travessias. passar pelos rostos e deixar a sensação de que vivo livre, feliz e anónimo. as simples fugas. o modo mais fácil de arranjar compensações, claro.
E às vezes dás-te a conhecer.