O politicamente correcto e as urtigas...

A. No outro dia fui à Estação de Correios em Santa Tecla. Tinha acabado de sair do Tribunal e como ficava logo ali ao lado aproveitei. Arrependi-me mal entrei. Estava a "abarrotar". Como tinha tempo pus-me a analisar as pessoas todas para ver se descobria a razão daquilo estar assim cheio. Apercebi-me que perto de 80 % das pessoas eram de uma "etnia" com pele um pouco mais morena que a minha e que são conhecidos por trabalhar como feirantes. Todos tinham um envelope fininho na mão. Relembrei-me de uma conversa que tinha tido uns dias antes com uma funcionária dos Correios da Rua do Raio e percebi logo o que se estava a passar. Os senhores e senhoras estavam ali para receber um subsídio, certamente o R.S.I. Por ter morado muitos anos colado ao Bairro Social de Santa Tecla, muitas daquelas caras me eram familiares. Via-os todos os dias a carregar e descarregar roupa e sapatos das carrinhas. São, portanto, feirantes. Mas então como recebem o RSI?? Simples. Um deles vai às Finanças e declara inicio de actividade como vendedor ambulante. Todos os outros trabalham com esse mas só um é que efectivamente declara e desconta. Todos os outros concorrem ao RSI e conseguem assim um belo bónus patrocinado pelo Estado. Eu bem me interrogava como é que eles faziam para comprar carrinhas novas todos os anos. É a chamada "renovação da frota"...


B. Mas existem outras formas de poupar. Os residentes deste bairro social, como desfavorecidos que são, pagam uma renda simbólica, a rondar os 75, 100 euros. Conheci uma empregada doméstica, das poucas moradoras que não era da etnia aqui referida, a quem os serviços camarários lhe fizeram a seguinte proposta: Ou começa a pagar 300 euros por mês ou tem de desocupar imediatamente o T4 (sim, são t4!!!) onde residia pois havia quem mais necessitasse dele. Perante este ultimato, a Sra. teve de procurar nova habitação (não social) pois não podia suportar tal renda. O seu apartamento T4 foi imediatamente entregue a uma familia da etnia já falada, pela renda de 100 euros. Renda que nunca pagou. Mas o mais engraçado é que, naquele bairro, ninguém paga a renda. Assim como não pagam a tv por cabo, a electricidade e a água. Contou-me essa senhora que a situação mantem-se assim porque sempre que lá ia alguém tentar cortar o serviço eles corriam-no com as armas que fazem questão de exibir na rua quase todos os dias. Na tv cabo, por exemplo, usam um esquema muito interessante. Um deles requer o serviço e paga a instalação. Depois, deixa logo de pagar e são feitos dezenas de "enxertos" de fios para levar o sinal a todas as casas. No outro dia (verídico!!) chamaram um técnico para resolver o problema da má recepção do sinal. Pois, pudera... E ele tentou arranjar, o coitado, mesmo vendo aqueles fios a irem até para prédios vizinhos, via varanda.


C. Em jeito de conclusão, gostava de deixar aqui a foto de um carro. Este modelo é igual a um que transportava um sr. daquela etnia aos correios. E ele lá foi, com o envelope na mão, buscar ajuda para combater a escalada do preço do petróleo e os maiores custos que isso acarretou para abastecer o depósito da referida viatura.

5 Response to "O politicamente correcto e as urtigas..."

  1. continuo a dizer, se essa gente se aproveita é pq alguém proporciona condições para tal...

    Pois. Eu sei que não é bonito nem muito correcto falar como falaste de certas etnias. Mas, de facto há coisas revoltantes. Muitas vezes também sou obrigado a falar assim.

    E não me venham com a história do racismo. Não sou eu que os discrimino. Muitas vezes, são os próprios que se auto-discriminam ao quererem viver à margem da lei e da sociedade.

    Igualdade sim. De direitos, oportunidades e deveres. Infelizmente algumas pessoas, não são só os da referida etnia, esquecem os deveres mas passam a vida a exigir os direitos e as oportunidades.

    Anónimo says:

    napalm resolvia isso

    Joana:
    Talvez sim... Ou não!!

    Industria:
    Exactamente!!

    Anónimo:
    Talvez sim... Ou não!!

    S. G. says:

    é o velho problema de se falar com meias medidas. o politicamente correcto. quando alguém toca na ferida aparece logo uma manif do bloco a chamar racista. não é isso que está em causa.

    o que aqui se condena é o estado de direito que não se cumpre, sejam as pessoas ricas ou pobres. os exemplos foram muito bem escolhidos, mostram as várias facetas da podridão do estado-providência. e depois não chega o dinheiro para ajudar quem prerecisa.

    queria com esta conversa toda dar-te os meus parabéns pelo texto. para mim a única pessoa que tem coragem neste país é o rui rio, que no porto cortou com variados problemas pela raiz.

    abraço.

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