Realiza-se hoje o referendo municipal em Viana do Castelo, faltando menos de uma hora para a apresentação dos resultados.

A pergunta é "Concorda que Viana do Castelo integre a Comunidade Intermunicipal Minho-Lima?"

O que está em causa é Viana do Castelo integrar (ou não) a C.I.M., onde já estão 9 dos dez Concelhos do Alto-Minho (faltando apenas Viana).

A questão parecia mais ou menos consensual, visto TodoS os partidos estarem do lado do "Sim". Mas Defensor Moura, Presidente (Socialista) da Câmara Municipal de Viana, imediatamente afirmou (e não se cansou de repetir ao longo da campanha) que se demitirá do cargo que ocupa caso a maioria dos vianenses vote a favor da integração.

Entendo que este autarca confundiu um pouco as coisas. Ele pode (deve) assumir a sua posição e defendê-la (como o fez). Mas ameaçar aquelas pessoas (especialmente aquelas que o elegeram, e que serão a maioria dos vianenses, como se conclui do ultimo resultado autárquico em Viana) já não me parece um argumento no verdadeiro sentido democrático do termo. Os vianenses podem querer a integração (ou não). Mas demonstraram que querem aquele Presidente (senão não o teriam elegido).

Aqui reside a falta de "desportivismo democrático" de Defensor Moura: Não está em causa o seu lugar como autarca ou a sua competência enquanto tal mas sim uma questão importante para Viana e para o seu futuro (e por isso todos os vianenses foram chamados a dar a sua opinião). Penso que isto não é forma de fazer campanha ou política ou o que quiserem. O "façam o que eu mando ou vou-me embora" é, no mínimo, uma birra. Talvez Defensor Moura fosse bem capaz de dizer (se ainda vivessemos nesses tempos) "Façam o que eu mando e calem-se!!".

Estive, ontem, num jantar de amigos precisamente em Viana. 95 % dos convivas eram eleitores em Viana. Reparei numa coisa: pouco mais sabiam do que eu, o que é muito mau, demonstrando que 1. ou a campanha não chegou às pessoas ou 2. Havia alguma falta de argumentos e excesso de vontade de blá blá blá (bem vindo à forma de fazer politica do século 21).

Não vou aqui discutir a razão de uns ou outros. Eu votaria "Sim", mas isso não importa nada. Na mesa de ontem aconteceu uma coisa estranha, o "Não" e o "Sim" estavam bem divididos e defendidos mas na hora da conclusão, praticamente todos afirmaram que iam votar em branco...

Isso faz-me lembrar uma coisa: só vi ontem a excelente (no mínimo) adaptação cinematográfica do "Ensaio sobre a Cegueira" do nosso Saramago. Fiz-me entender??