fontes de inspiração

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abrir abril, esquecer a liberdade


por norma não escrevo sobre os assuntos correntes, os que estão em voga, como as comemorações por exemplo, tudo para não me deixar influenciar pelas inflamadas opiniões que se vão lendo aqui e ali, quase todas elas maniqueístas, propondo-nos que nos posicionemos de um dos lados da barricada.
mas não posso deixar de referir o que penso sobre o 25 de abril, ou melhor sobre as suas consequências, pois o dia da revolução em si parece ser considerado um dia enorme pela maioria dos portugueses.
em primeiro lugar, ,escrevo sobre isto porque me encontro a um passo de deixar de acreditar por completo nesta democracia, por causas que se prendem com o crescente sedimentar da ideia de que esta classe política já não serve. há demasiados exemplos de que a falta de ética se tornou aceitável, que os interesses comuns são deixados de lado, e que a cada passo somos chamados a resolver os problemas criados por esses decisores.
[lembro-me de um episódio em que o povo foi chamado a trabalhar a um domingo para ajudar o estado a sair da bancarrota. ao que parece um dos ministros fugiu com esse dinheiro. esta história provavelmente inventada para camuflar o fracasso da medida, é sintomática e nós devemos admitir que o estado em que o país se encontra é também nossa responsabilidade.]
e em segundo lugar escrevo porque me assaltam reminiscências do passado que me arruínam com a certeza de que não há esperança. ver as novas imagens de salgueiro maia (há dias passadas num canal) ver o homem simples, o rosto que prova que a revolução fracassou no sentido primordial de equilibrar as classes, faz-me pensar que ainda haverá homens com esta genética. acredito piamente que um dia surgirão novos homens que saberão honrar os cargos que ocupam, homens - ou políticos quiçá - que farão nova revolução "mas não para ter o poder" (salgueiro maia), homens credíveis com valores da promoção da igualdade, homens que saberão responsabilizar os cidadãos pelos seus actos.
não fossem estas imagens de salgueiro maia e faria o que se fez na madeira, passar ao lado de tanto alarido numa comemoração da derrocada da democracia.

2 Response to "fontes de inspiração"

  1. Teté says:

    Bom, a revolução não fracassou totalmente: acabou com a guerra, com a PIDE e os presos políticos, instalou a democracia. E "só" por isso valeu a pena!

    Mas ao longo dos anos novos (e velhos) senhores instalaram-se no poder, em jogos que não visavam o interesse colectivo, mas apenas a promoção pessoal e também o enriquecimento próprio. Rodeados de poderosas máquinas propagandísticas, que influenciam o povo que continua a elegê-los para cargos que não merecem! Não serão todos, mas muitos. Cada vez mais prepotentes e descarados, usufruindo de imunidades que lhes permite não responderem perante os tribunais, como os cidadãos comuns.

    E sim, também haverá outros "Salgueiros Maias" por aí, mas esses costumam ser cilindrados por esta gentalha!

    Infelizmente, há que constatar esta realidade.

    Beijinhos!

    S. G. says:

    olá teté,

    eu digo isso mesmo, o dia 25 é pacificamente considerado bom porque terminou com a ditadura, mas o resultado posterior e o que assistimos hoje é para mim uma desilusão. a ver vamos o que esta crise fará aos regimes democráticos...

    beijinhos e vivam os salgueiros maias deste país :)

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