qual é qual o artigo de ourivesaria para pôr ao peito feito de joelhos?

Nota prévia que passo a partilhar: Passei umas boas duas horas a escrever um poste sobre uma parte da espantosa conversa que 5 de nós tivemos na 6f no Shalom. A determinada altura, na perspectiva de rever visual e estruturalmente o texto, cliquei no preview. Em seguida cliquei no botão de return e adeus texto. Altos e misteriosos desígnios da blogosfera!

Falámos de tudo um pouco. Honestamente, já não me recordo do grosso da coisa. A determinada altura, a propósito de não sei bem o quê, e do alto da minha magnânime e resoluta estupidez, sentenciei que não gosto de pessoas com boas intenções. A frase assim dita pode ser alvo de interrogações menos simpáticas, mas admitamos perfeitamente justificadas. Na altura, e confirmando aquilo que há muito que haviam dito*, não tive nem de perto de longe a capacidade para explicar o sentido deste meu dogma. Não suporto, sinceramente. Pessoas com boas intenções. E falo até por exemplo da esquerda social ou da direita evangelizante. Mesmo quando revelada pela mais radical lucidez, a ideia de haver boas intenções está sempre sustentada por uma inegável fascinação utópica. Há algo de errado nisso? Se tivermos esse preceito como guião exclusivo da nossa vida, não creio. Ainda recentemente li que um indivíduo extraiu um dos seus olhos para o poder comer. Cada faça o que entender. Mas quando deixamos que outros se arrastem (mesmo a calhar...) nessa miraculosa núpcia da emoção, levando-os a acreditar numa aventura de nomeação integral (ontológica, talvez) corremos os riscos de não sabermos extrair-lhe as devidas consequências. E eu até sou apologista do dístico de Novalis que afirma que quanto mais poético mais real. O problema está em passar do mundo das bonecas para o das pessoas. Até que ponto podemos nós infernizar a vida de alguém com promessas de alegria? Até que ponto podemos nós visar a plenitude de todos? Podemos nós coerentemente promover um romantismo inocente diante do real puro e duro? Podemos nós ainda acreditar, como bem Eugénio de Andrade falou, nas moradas de cristal? Quer dizer, poder, poder, podemos. Eu acredito. Mas que direito temos nós em arrastar outros para esta âncora espermática com o cósmico? Sinceramente, pá! Que direito temos nós? Podemos talvez ter uma boa consciência ideal, longe, muito longe do traços oníricos da plenitude cumprida. Caso contrário, estaremos sempre e apenas a tentar restituir novos reais, em invenções permanentes do ver e não do visto. Tenho dito, gentiii!

*na faculdade, durante o 2º ano, tive uma cadeira que era, recorrendo a dois termos técnicos, uma seca descomunal e uma monumental perda de tempo. o professor doutor que a leccionava é do tipo que se tem altíssima conta. não tolerava faltas. nem alunos que fazem disciplinas por exame. blá blá blá assiduidade, participação, trabalhos de casa e cantiguinhas da carochinha sobre como estudar. fiz a cadeira por exame. tive digamos que boa nota. superior a 15 e inferior a 17. mas com direito a asterisco. e o que dizia o asterisco? o aluno deve apresentar-se a oral. e foi o caralho, diga-se! acabei por concluir a cadeira apenas com 14 e só depois de ter tido a ajuda de um outro professor mais estimado que confirmou a minha dificuldade em acompanhar/reiterar/comprovar oralmente tudo o que anteriormente possa ter escrito. cada um com o seu karma. se bem que eu não acredito nessas merdas. só acho que fica bem dizê-lo.

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