Cá vai o comentário deixado no "avenida central" e ainda à espera da aprovação de comentários. coisas da democracia.

Aqui.

«Então, João, tudo fino? Ossos e cremalheira no sítio? Sim? Ainda bem, ainda bem… Olha lá, rapaz, não tendo lido o texto a que te referes, não te importarás que implique apenas com o teu, pois não? Não? Ó(p)timo, ó(p)timo!! É que ando como uma vontadezinha de implicar que nem imaginas. E não tendo a duvidar destas vontades que se me assolapam a alma. ‘Tava fodido se tivesse nascido no tempo do gajo que malhou da cadeira, não era?

O que me traz ao encontro da tua missiva, resposta a uma opinião publicada num dos depósitos de ignorância bracarense, é muito simples: não tens razão, João. Epá, quase que dá uma rima de manjerico. Tenho que abrir um negócio desta merda.

Comecemos, imagina tu, pelo início. Caranguejos por aqui é que não! Que semos todos gente urbanizada e consciente, não é, João? Olha, vou partir de um benevolente princípio de boa fé e assumir que tens argumentos válidos para sustentar a tua opinião e que apenas não os colocaste neste texto porque tiveste que ir fazer algo de superior premência e de inevitável urgência, ok? Olha, e para poupar tempo em acusações em forma de conversa política, aquando das eleições eu assisto sempre de longe. Como compete a quem não se filia, porque já nasceu filiado: dispenso pais adoptivos, mas ainda assim reservo o direito às simpatias. Não vou muito é em, como é que se diz?, carneirismos. Carneiradas? Carneilhadas? Pá, não sei. Isto do novo acordo confunde-me o sistema.

João, ser contra por firmeza, apenas por isso, desculpa lá, mas é aquilo a que se pode chamar de birra. E a educação/formação ainda não é brincar aos "Kens e Barbies”. A não ser que se apanhe uma colega gostosa, né cara? Mas aí não há muito a fazer… Fraca é a carne que enrijece. Olha, recorrendo a parábolas das antigas, das do tempo do senhor das barbas, isto de matar a sede só se consegue com a água certa, não é?

O teu organizado e politicamente correcto texto seria apenas mais a meus olhos não fosse o último parágrafo. Seria mais um vindo de alguém que, aposto, João, aposto, não faz a mais pálida e pequenina ideia do que seja o programa novas oportunidades. Errei, João? Se calhar, errei… Mas que s’foda agora já o escrevi.

E o que dizes tu, no último parágrafo, caro escriba indignado. Uma jóia do mais puro caviar: “o analfabetismo era uma das grandes armas das ditaduras.” Era, era, era, era, era, o caralhinho, João! É! É! É! Não deixou de ser, rapaz! A não ser que para ti, tal como para os mentores do projecto, obter o 12º ano implique apenas resumir num currículo a vida do formando. É que, mais piroquice, menos piroquice, é disto que falamos! Sabias, não sabias, João?
O programa novas oportunidades tem como mérito (quase único, diria) pretender ser o sintoma de uma nação viva, auto-determinada e auto-mobilizadora. Naturalmente, os formandos concluída esta etapa, e ainda imbuídos das palermices que os discursos governamentais lhes incutem, sentem-se motivados e confiantes o suficiente para se julgarem cidadãos mais capazes. Embora (e este é um dos senãos) ainda permeáveis à demagogia política. É, provavelmente, uma qualquer sedução por uma suposta independência intelectual que os move. Quando na verdade, em nada eles se podem apresentar como estando mais bem preparados para se assumirem como cidadãos alfabetizados, meu caro! Porque o NO não lhes pede que adquiram a capacidade para reflectir sobre um enunciado, por exemplo! Não lhes pede para dissecar o conteúdo de uma mensagem política, por exemplo. Antes lhes transmite a ideia de que o esforço é quase sempre em vão. Sim, porque não creio que alguém guarde em si, mesmo no mais impoluto recanto de ingenuidade, que o objectivo deste programa é de facto fomentar e promover a formação e o aperfeiçoamento de capacidades da população portuguesa.

Ao contrário do que dizes que o cronista do DM escreveu, eu não importo que outros obtenham a mesma formação que eu tenho com menor esforço, ou por caminhos mais fáceis e com acessos mais desimpedidos. Do mesmo modo que não tapava a folha dos exames quando algum colega me pedia um espreitar. Interessa-me, aliás sempre me interessou, chegar ao fim com a perfeita noção de todo o caminho que acabara de percorrer. Não sei, mas estou em crer que parte do mérito de se chegar ao fim, está indubitavelmente em saber saborear os contratempos do caminho. Mas, admito também que possa ser avis rara neste assunto.

Por fim, e porque esta merda já vai longa, para se ser participante é fundamental saborear-se a sede de mudança. E sede, aqui na nossa confortável e indolente Europa ocidental, é algo que há muito ninguém sabe o que é, porque há muito tempo que ninguém tem sede de coisa nenhuma. Muito menos nós, os periféricos portugueses, nós que ainda padecemos da hesitante e atordoada macro-estratégia de desenvolvimento do país que há décadas nos perturba os planos. Não há povo unido, não há assalariados em luta, não surgem, sequer, dois ou três desempregados reivindicando para que os seus subsídios sejam pagos antes do fim do mês/ano. E programas como este servem apenas para fazer proliferar, camufladamente, este espécie de ditadura em que ainda vivemos, meu amigo!

A qualidade da massa crítica da nação portuguesa tem, na verdade, dimensão e profundidade semelhantes às minhas quando visito um blogue escrito em chinês.

E isto, das NO, dos Magalhães, dos comícios com tele-pontos xpto, é corrente chamar-se o mundo civilizado. Portanto, diz-me lá em que é que ficamos, sim?

Obrigado e atentamente à espera de sapiente diferimento!»

5 Response to "Cá vai o comentário deixado no "avenida central" e ainda à espera da aprovação de comentários. coisas da democracia."

  1. "Não há povo unido, não há assalariados em luta, não surgem, sequer, dois ou três desempregados reivindicando para que os seus subsídios sejam pagos antes do fim do mês/ano. E programas como este servem apenas para fazer proliferar, camufladamente, este espécie de ditadura em que ainda vivemos, meu amigo!"

    Excelente.

    Concordo contigo.

    ETC afinal já foi publicado o teu comentário, e já agora aqui está mais um para reforçar a tua ideia ( comentario de alguém que fala por experiência própria tirado do Avenida Central)



    Falando por experiência própria como formador no Novas Oportunidades, não posso de deixar de dar razão às palavras do tal cronista de quarta-feira, pelo menos no que ao programa diz respeito.

    No papel, o Novas Oportunidades tem valor: prevê trabalho ao nível do secundário numa vertente mais prática e com base na experiência de vida da pessoa. O problema está na sua aplicação num país que, apesar de tudo, NÃO tem cultura de mérito. Pelo contrário, exerce o mais possível o chico-espertismo. Se assim não fosse, não se estaria a dar o 12º a pessoas que entram no Novas Oportunidades com problemas de expressão, escrita, interpretação, raciocinio, conceptualização e reflexão e saem exactamente com os mesmo males, mas com uma nova linha no curriculo graças a terem escrito umas páginas de texto sobre a sua vida.

    E acredita que quando se está a falar de pessoas que não têm hábitos de estudo e leitura, mas que mesmo assim "fazem" o 12º ano em dois ou três meses, é desse grau de irresponsabilidade e de desqualificação que estamos a falar. E também não é por acaso que, dentro do próprio programa, já se começou a perceber que o Novas Oportunidades faz maravilhas à auto-estima das pessoas, mas de pouco vale no mercado de trabalho.

    Sim, os cidadãos são iguais perante a lei e têm, como tal, direito ao sucesso. Mas é um direito que tem que ser merecido, tal como o de ter um ordenado: não se dá ao desbarato por simpatia ou para cumprir estatistica, mas tem que ser devido pelo esforço e trabalho. Não perceber isso é não perceber o significado de uma cultura de mérito.

    14:19

    Anónimo says:

    O joão martinho volta-nos a presentear mais um rol de banalidades das quais só ele é capaz... Pode parecer um insulto, mas é concomitantemente um elogio. Não imagino mais ninguém a conseguir juntar de forma harmoniosa um tão grande número de pálidas banalidades e fazer do conjunto final um discurso. Fique sabendo joão martinho, que se todos fossem como eu o seu lugar era na Assembleia da República onde poderia travar um debate interessante com José Sócrates. No fim, o desafio seria, que nem crianças folheando um livro do "onde está o wally" descobrir o conteúdo do discurso de cada um.

    Parabéns joão martinho.
    Ao que parece - e digo-o como formador -, você não percebe nada do que se passa na prática. E digo-lhe mais uma coisa (espero que o perceba): não basta tentar parecer, é preciso ser...

    ( comentário não publicado no avenida central, vá-se lá saber porquê)

    Anónimo says:

    tens a mania que és o maior. és um parolo! um frustradito que vem escrever neste blogzito de cacá porque não tem mais onde o fazer! acorda para a vida e ve o ridiculo a que te expões!

    Anónimo says:

    grato pela estima e elevada consideração demonstradas. cumprimentos à sua mãe.

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