Merdas que ainda hoje me não passam pelo piloro sem me fazerem uma certa azia. Nem baixa nem alta. Azia? Vá, dispepsia.
O problema de trabalhar como um burro é que, por norma, se tem a mesma eficácia que o dito cujo. Espero que sim, até porque não faço a ponta de um chavelho, o que neste silogismo improvisado faz de mim um ser de superior inteligência. Na verdade, o que, de algum modo, me fode o juízo - já de si cambaleado - é o barulho. Há barulho em todo o lado. Barulho ali, barulho acolá (ou além, para os nossos leitores lisboetas ou betos em geral) barulho em todo o lado. Por exemplo, tenho a porta da varanda do escritório aberta. Há uma puta duma fonte (daquelas modernas com relógio e mais o caralhete) sempre a jorrar. Barulho. Há carros com condutores impacientes a buzinar. Barulho. E com duas frases fiz uma rima de manjerico. Podia estar rico com esta merda. Há sinos constantemente a tocar. Barulho. Há o gajo da lotaria a gritar. Barulho. E mais uma bandeirinha num manjerico. Tudo rimas em "ar" que o povo gosta delas assim: simples e barulhentas. É isso e as festas de Verão. Foguetes. Emigrantes. Música que de dentro dos carros vai directamente para toda a galáxia. E eu pergunto: mas esta gente não pode ser multada, senhor agente? E ele ri-se: é a festa, homem! Festa é barulho, homem! Agradeço a informação. Já sou homem. Nem os calções pelos joelhos e as sapatilhas o enganaram: já não sou miúdo, sou homem! Obrigado, senhor agente e continuação de bom trabalho. Devo dizer-lhe que nunca vi ninguém coçar a micose com V.Exa.. Os meus parabéns! Ah, muito obrigado, homem! São muitos anos disto, sabe?! Pois, acredito. Olhe, como se diz por cá, continuação, sim? Barulho. Para não falar no São João. Aí, o barulho é especial. Uma espécie de semana dedicada aos admiradores do Quim Barreiros. Quim "o omnipresente" Barreiros. É justo. O senhor até merece a homenagem. O que seria da nossa identidade sem a Garagem da Vizinha ou o Mestre da Culinária. José Gil, à sua atenção! E é barulho. Barulho daquele que se faz quando se batem os testos nas panelas. Já fiz esta merda. Uma vez, claro. Que tenho pai e mãe. E eles ouvidos. E bom-senso. Voltando atrás, ao Quim, não me interpretem mal. Até já fiz uma primeira parte dele. Eu e mais uns quantos. Gosto dele. Mesmo sem o conhecer. Parece aquele tipo de pessoa em quem se pode confiar. Parece simpático, acessível e mais todas aquelas qualidades que fazem de alguém, segundo normas universais, "boa pessoa". Por exemplo, emprestava-lhe na boa o meu carro. Bom, não é bem meu. A minha mãe é que mo cede. Quando eu preciso. Mas eu emprestava o carro da minha mãe ao Quim. Emprestava-lhe até a minha namorada. Não fosse ela sócia-fundadora da ONG - Mulheres por um Mundo sem Bigodes como o do Quim Barreiros. Barulho em todo o lado. Até de noite o caralho do cão do vizinho ladra. É daqueles cães burrinhos como o deus me livre. E isso existe? Existe! Não é que o filho da puta ladra às moscas? Às moscas!!! Deve estar a precisar de se deitar no sofá do Machado Vaz, só pode! É ele e eu. Mas isso ficará para outro poste. Mais coiso e menos sobre estas coisas. Do barulho. Do barulho que é pior do uma faca. Uma naifa. Uma navalha. Um gajo quando era miúdo tinha medo dessa merda. Ui, não vou pró São João porque andam lá os gajos das Enguardas com naifas! Eu, que na altura ainda não tinha percebido que gosto de estar sozinho, para não ficar mal perante o grupo dizia que também tinha medo disso. Na verdade, não tinha. Até porque conhecia o pior deles todos. Ou dos piores, vá! O que me fodia, nesses tempos de punheta à paleta de uma foto da Pamela que trouxe de Inglaterra, era já o barulho que me ensanguentava a alma. São as facas enroladas nas línguas das pessoas, nas colunas de som, nos carrinhos de choque, nos foguetes e demais utensílios recreativos. Portanto, retenham isto: este texto foi sobre o barulho. Que eu não gosto. E já tenho idade suficiente para saber do que não gosto. E para continuar a não gostar.
és um ser espectacularmente espectacular
fds este post é cá uma barulheira que só de imaginar o som ensurdecedor do teclado do Dr. Etc a escrever isto fiquei surdo.
Fiquei admirada com o título tão ciêntifico! Por momentos pensei que fosse um post do Pedrinho...
Vai para o cimo dos Carris no Gêres e não ouves absolutamente nada. :p
Safaste-te bem na apologia da humanidade do Quim. Ainda assim, o Tio Quim tem um lugar especial no meu acordeão e não há barulho que dele saia que não seja música prós meus óbidos.
Bem ditos bailaricos de Verão.